Saber lidar com o dinheiro pode trazer não somente benefícios financeiros ou materiais, mas melhora a qualidade de vida da família e ajuda a enfrentar dificuldades como a que estamos vivendo com a pandemia.
O tema educação financeira é tão importante que deveria ser estudado nos bancos escolares, afinal é quase impossível viver fora do sistema. O brasileiro comum não tem o costume de poupar, seja pela baixa remuneração e alto custo de sustentação da família, ou pelo simples rotina de gastar o que ganha sem planejamento futuro. É difícil abordar o tema poupança num país que abriga 52 milhões de pessoas pobres e 13,5 milhões em situação de miserabilidade. Entretanto, em tempos de pandemia, segundo a CNI (Confederação Nacional de Indústria), 32% da população ou quase 1/3 conseguiram gastar menos ou guardar dinheiro desde o início da pandemia. Pode ser difícil, mas é possível reverter à situação e começar a usar o dinheiro a seu favor. Economizar vem do Latim PALPARE, “avaliar pelo tato sopesar”, ou seja, para se saber se era possível fazer um gasto, a pessoa avaliava com a mão a sua bolsa de moedas. A palavra acabou gerando “poupar” no sentido de economizar.
Um dos principais motivos para se poupar, ou possuir uma conta poupança, é o fator economia, ou seja, você terá dinheiro guardado que será usado no futuro, seja em uma emergência ou em um planejamento de compra de um produto ou serviço. Você se torna mais confiante e poderá usufruir desse valor acumulado e usá-lo no melhor momento. Guardar dinheiro nunca foi tão importante quando no momento que se vive com a pandemia. Não gastar todo o dinheiro e manter-se no orçamento já é algo que torna as finanças pessoais equilibradas e sem muitas surpresas. Aconselha-se distribuir o que se ganha mantendo 50% para as despesas básicas e fixas; 30% para pagamentos prioritários ou dívidas; 20% destinar a poupança e aposentadoria. O brasileiro enquanto está na ativa não se preocupa com a aposentadoria, afinal a previdência vai sustentá-lo até o fim da sua vida, com valor mínimo que talvez não atenda a todas as suas necessidades. Com a reforma do sistema que ampliou o período ativo do trabalhador mudou o cenário e deve mudar a forma de planejamento financeiro de cada um.
Segundo o IBGE o valor médio poupado pelos brasileiros que conseguem planejar as suas finanças é, em torno de, R$ 540,00, um pouco mais de meio salário mínimo. Por outro lado, dados publicados em 2019 relatam que metade dos brasileiros sobrevive com apenas R$ 438,00 mensais per capita, ou seja, quase 105 milhões de pessoas tem menos de R$ 15,00 por dia, o que impossibilita pensar em poupança. Mesmo num país extremamente desigual, em tempos de pandemia economizar deve ser uma constante para cada família. Há várias maneiras de mudar o comportamento visando economizar. Desligar eletrodomésticos ao finalizar o uso, aproveitar a luz do sol ou invés de luz artificial, ao comprar produtos cheque o prazo de validade, congelar alimentos é uma forma de economizar dinheiro, colocar no prato apenas o que vai consumir, evitando desperdícios, seja criativo nas sobras, coloque os frios em potes, enfim faça a sua parte e sirva de exemplo para os demais, pois a organização e o planejamento são a chave para vencer a pandemia com os recursos financeiros que cada um dispõe.
É possível que a pandemia tenha contribuído para a nossa mudança de comportamento e nos mantenha econômicos a partir daí. Todos serão beneficiados, humanos e a natureza.
Artigo de autoria do economista João Carlos M. Madail, Conselheiro do Corecon-RS e Diretor da ACP - Pelotas, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 20 de maio de 2021.