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Modelo de Desenvolvimento para o Brasil

O atual modelo de desenvolvimento adotado na quase totalidade dos países capitalistas é o modelo neoliberal, uma espécie de doutrina econômica e política que surgiu no século XX com base em teorias formuladas por teóricos, como o economista ucraniano Ludwig Von Mises, baseada na propriedade privada dos meios de produção e sua operação com fins lucrativos. Essa teoria surgiu para se opor à teoria Keynesiana de bem estar social, uma concepção que abrange a área social, política e econômica e que vê no Estado uma instituição que tem por obrigação organizar a economia e prover aos cidadãos o acesso a serviços básicos como saúde, educação e segurança.

O Brasil embarcou de vez na esteira do neoliberalismo, com resultados positivos para o desenvolvimento capitalista que iniciou nos governos de Fernando Henrique Cardoso e se aprofundou na seqüência dos governos Lula e Dilma. Com o tempo, e agravado com a pandemia, este modelo tem se mostrado gerador de desigualdades social, concentrador de riquezas, ambientalmente indesejável, socialmente perverso e politicamente injusto para as pessoas nele inseridas. O Brasil nunca esteve tão desigual como nos tempos atuais. O Estado pouco interfere na economia para evitar a retração econômica e garantir o pleno emprego. O que prevalece são a economia de mercado onde as decisões relativas a investimentos, produção e distribuição são guiadas pelos sinais de preços, criados pela lei da oferta e da procura.

O modelo ideal de desenvolvimento para o Brasil tem que ter na sua essência o cumprimento das necessidades básicas do seu povo com a participação direta da população e que busque nos seus princípios a garantia de emprego, segurança social, educação pública básica para toda a população, respeitando às diversidades. O modelo sugerido deve atender as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a existência das gerações futuras. A mudança do modelo atual de desenvolvimento, no país, requer esforço coletivo da população politicamente consciente e segura na escolha do seu governante, no momento que se aproxima uma nova eleição, onde os candidatos têm a oportunidade de expor os seus planos de governo. Alguns países bem sucedidos em termos de desenvolvimento econômico, mesmo mantendo o capitalismo como sistemas predominantes adotaram modelos de economia social de mercado, onde o consenso e a cooperação estão presentes em todas as camadas da economia. A Alemanha, por exemplo, se reergueu no pós-guerra com este tipo de modelo, onde o trabalho e o bem-estar funcionam juntos, o que resultou na redução da distância das camadas ricas em relação às pobres.

No modelo de desenvolvimento que se intitula “economia social de mercado”, no centro estão os sindicatos e os patrões, que coordenam salários e produtividade, com o objetivo de obter aumento real aos rendimentos dos funcionários, além de manter os postos de trabalho. Por lá os sindicatos fazem parte por lei dos Conselhos de Administração e participam das decisões estratégicas das empresas.

Existem outros exemplos de modelos que poderiam ser implantados no Brasil que certamente proporcionariam mudanças benéficas para a população. Alguns países localizados no norte europeu como a Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca também optaram pelo modelo e desenvolvimento econômico que associa o socialismo ao capitalismo, onde combinam o sistema de livre mercado com diversos programas sociais, resultando em educação e saúde gratuita para todos e programas de aposentadoria garantida para todos os trabalhadores.

O certo é que a economia, o trabalho e o bem-estar precisam funcionar conjuntamente e o governante tem que ter, necessariamente, o controle de todos os movimentos da economia. Enquanto mantivermos o atual modelo de desenvolvimento econômico adotado no Brasil, as grandes corporações multinacionais e financeiras continuarão dominando a economia e promovendo o controle de mercados, levando o país ao subimperealismo.

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 26/01/2022.