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Qualidade dos salários pagos no Brasil

Salário é a contraposição que o empregador deve pagar ao trabalhador nos dias normais de trabalho. Existe um valor mínimo de salário, instituído na gestão do Presidente Getúlio Vargas em 1936 para definir um valor a ser pago pelas empresas aos seus colaboradores. O principal objetivo desse pagamento é garantir que o cidadão possa sobreviver atendendo todas as suas necessidades básicas como; moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

O valor do salário mínimo, atualizado em três de janeiro de 2022 é de R$ 1.212,00. Entretanto, conforme pesquisa do Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, para atender devidamente as necessidades básicas já mencionadas, considerando o cenário econômico atual, seria necessário conceder um valor básico de R$ 5.969,00. Há razões de ambas as partes; empregadores e empregados para justificar o atual critério de avaliação do trabalho. Os empregados não conseguem atender o mínimo necessário com o valor que recebem e os empregadores, além do salário, arcam com 37% de encargos o que encarece o custo de cada colaborador para o seu negócio.

Uma questão pouco debatida, mas que serve de referência para justificar o cenário de descontentamento das partes envolvidas é a produtividade, ou a relação entre a produção e os fatores de produção utilizados, ou seja, “fazer mais com menos”. A produtividade é a chave do progresso das nações por resumir em um único indicador, outras tantas variáveis que inclui inclusive a valorização do trabalho.  Não há dúvida que o motivo do sucesso material duradouro e sustentável de uma empresa ou de um país é a produtividade.

Um país com o PIB em alta, mas com baixa produtividade terá, em pouco tempo, a inquietante preocupação com a inflação ou a estagnação. Isto porque os outros fatores que influenciam no PIB, como o crescimento demográfico e o aumento da oferta de emprego, se esgotam rapidamente. É o caso que vivemos no Brasil hoje. Pela mesma razão, um país em que a renda aumenta, mas a produtividade se mantém estagnada está simplesmente consumindo mais riquezas do que produz e, conseqüentemente, comprometendo a qualidade de vida das próximas gerações, como também está ocorrendo no Brasil.

A produtividade no Brasil, comparada a países em desenvolvimento é baixa. Segundo Dani Rodrik, economista da universidade americana de Princenton, o crescimento da produtividade brasileira anual tem sido de apenas 1,8% nas ultimas duas décadas, perdendo para o México 2,2%, o Chile 3,8%, o Peru 3,7%, a Coréia do Sul 5% e até para a Turquia 4%. Com este desempenho, ficam claras as dificuldades de empregadores e empregados, em geral, estarem satisfeitos com os seus ganhos, Aliado ao que foi dito, somado a questão pandêmica, os empregados estão com pouco poder de barganha neste momento, já que há muita gente disponível no mercado disposta a ganhar menos.

Nesse cenário, uma conversa que sempre foi difícil acaba se tornando perigosa. Isso porque solicitar um salário mais alto pode ser facilmente mal interpretado pelo empregador e, em casos extremos, até gerar uma demissão, a não ser que você possa fundamentar muito bem a solicitação, provando, na prática a sua contribuição para o acréscimo na produtividade da sua tarefa, o que pode servir de exemplo para os demais colaboradores da empresa. Nesse caso a solicitação pode representar para o empregador uma reparação justa. Sempre que há resultados individuais acima da média, que tenha gerado redução de custos para a empresa numa seqüência duradoura, caso o empregador não considere ou não esteja atento ao processo produtivo, é natural que o empregado reivindique melhoria de salário, afinal nenhum empresário está disposto a perder um bom colaborador.

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 24/02/2022.