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Movidos a combustíveis fósseis

Se você está preocupado com a disparada dos preços dos combustíveis fósseis, entre eles a gasolina que movimenta o seu veículo de passeio ou trabalho ou o diesel que transporta pessoas e tudo o mais que se consome no dia a dia, saiba que estes tipos de combustíveis estão com os seus dias contados. É claro que o processo de substituição não ocorrerá no curto prazo, mas já existe um horizonte para se acreditar que vai mesmo acontecer.

Em 2021, em meio à pandemia da Corona vírus foi realizada a 26ª Conferência do Clima da ONU, a COP26 em Glasgow na Escócia onde reuniu 26 países participantes e 200 outros representados. O tema principal da conferência foi os transportes, momento em que foram assinados acordos entre 24 países e alguns fabricantes de automóveis, comprometidos em encerrar a era dos veículos movidos a combustíveis fósseis até 2040 ou mesmo antes. Certamente, na ocasião do encontro, não se tinha a idéia da guerra da Rússia contra a Ucránia e a disparada do preço do barril de petróleo no mercado internacional, o que acelera ainda mais a idéia de criar alternativas para a substituição desse tipo de combustível.

Mesmo assim, os acordos para vender apenas veículos com emissões zero a partir da data do encontro, foram aceitos pelo Canadá, Nova Zelândia, Holanda, Irlanda e Reino Unido, países que já haviam concordado em encerrar a venda de carros novos movidos a gasolina e diesel em 2030. Entre as montadoras que assinaram o acordo estão a Ford, Volvo e Mercedes Benz que prometeram atingir a meta até 2035 em “mercados líderes”, assim como em várias cidades e governos regionais como Nova York, Londres e Barcelona, anunciados no jornal britânico “The Gardian”.

A idéia da substituição dos combustíveis de origem fósseis tem encontrado apoio em outros países como a Índia e Quênia que concordaram em trabalhar intensamente para a proliferação acelerada de veículos com emissões zero, enquanto um grupo de financistas e proprietários de frotas também prometeu eliminar gradualmente os carros dependentes desse tipo de combustível. Por outro lado, sentiram-se as ausências das grandes economias como Estadas Unidos, China e Alemanha, gigantes da indústria automobilística global, na recusa de assinar o acordo, naquele momento. Marcas de veículos tradicionais, encontrados em todos os continentes como a Volkswagen, Toyota e BMW, também se recusaram a cumprir acordos de transformação imediata dos seus veículos. Certamente, devem estar revendo suas posições no atual cenário de valorização extrema do petróleo em razão do conflito que já se arrasta por quase um mês.

Sabe-se que o transporte é responsável por um quinto das emissões globais de gases de efeito estufa e a AIE - Agência Internacional de Energia declarou que a venda de carros movidos a combustíveis fósseis terá que cessar até 2035 se o mundo pretende não ultrapassar os perigosos limiares de aquecimento global. Neste mesmo relatório a AIE também afirma que, para alcançar de fato um mundo sem carbono neutro em 2050 é preciso deixar de investir em novos projetos de fornecimento de combustível fóssil e que, no mínimo 70% da geração de eletricidade devem advir de fontes eólicas e solares até a metade do século.

Como se pode constatar, a dependência dos combustíveis fósseis e os malefícios que provocam ao meio ambiente e a saúde das pessoas, especialmente nos grandes centros, já vem sendo debatida há algum tempo, mas deve se intensificar em função da valorização do petróleo no mundo e no bolso dos consumidores que dependem dele direta ou indiretamente. A mente humana é fecunda em criar alternativas em situações de sobrevivência, como ocorreu recentemente com as vacinas para combater a pandemia e, certamente, disponibilizará, em pouco tempo, alternativas viáveis aos atuais combustíveis nocivos em todos os sentidos. 

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 24/03/2022.