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A importância da taxa de juros para a economia

A taxa de juros é o custo do dinheiro, uma porcentagem do valor original emprestado que o devedor deve pagar depois de certo período ou, mais especificamente, o retorno obtido pelo investimento produtivo do capital. Nos últimos dias, o atual presidente tem criticado a atuação do Banco Central na condução da política monetária do País e voltou a questionar o atual patamar da taxa de juros (Selic), mantida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Nesse sentido, é fundamental entender o que são os juros, para que servem e qual é a sua importância para a economia. É importante que se diga que o entendimento sobre a taxa de juros não é relevante apenas para especialistas em finanças, mas para qualquer pessoa que esteja em busca de fazer melhores escolhas quando o assunto é o seu dinheiro.

Para quem possui dinheiro em reserva e pretende aplicá-lo, o melhor é contar com taxas altas de juros, mas para quem não o possui e necessita para negócios ou pagamento de contas, os juros se tornam um problema, não para as instituições bancárias, administradoras de cartões e financeiras, mas para o cidadão comum. Operações, como financiamentos e empréstimos, e serviços, como o cheque especial e o cartão de crédito, têm a incidência de juros que podem multiplicar o valor da dívida no tempo. Nesse caso, além do lucro pelo empréstimo do dinheiro, as instituições financeiras buscam a proteção contra eventuais riscos nos contratos não cumpridos.

No aspecto mais amplo, a taxa de juros é uma variável que influencia tanto a demanda por moeda quanto o investimento, quer seja do ângulo produtivo ou especulativo. Não há dúvida de que a taxa de juros constitui-se no mais importante instrumento de política monetária à disposição do Banco Central. Através dela a autoridade monetária afeta o nível de atividade econômica e de preços. A simples expectativa de mudanças na taxa já é suficiente para causar efeitos econômicos. Cabe ao Banco Central controlar a taxa de juros do mercado, o que influenciará a oferta de dinheiro em circulação e a procura por produtos e serviços.

Na prática, o Banco Central define a taxa de juros de maneira indireta, pois esta depende também de fatores fora do controle do Banco, como o desempenho futuro da economia. Se por um lado o Banco Central atua de maneira técnica em relação à definição da taxa de juros, por outro, o presidente, que considera alta a atual taxa Selic, tem as suas razões, mesmo que políticas, pois quanto mais alta a taxa de juros mais ela dificulta o crédito ao consumidor e ao setor produtivo e, consequentemente, há queda da produção e das vendas.

A taxa de juros alta estimula o capital especulativo e valoriza a moeda nacional frente ao dólar e possibilita a aquisição de produtos importados com maior facilidade, diminuindo a demanda por produtos nacionais, fazendo com que os preços destes sejam reduzidos. Com isso o País também exporta menos, pois sua moeda está valorizada, tornando o produto mais caro. A ideia de governos interferirem em variáveis macroeconômicas para controlar a economia tem sido o instrumento preferido implantado no final do século passado.

O certo é que juros altos impactam diretamente a dívida pública e a capacidade do governo de financiar seus projetos de investimento, mesmo que seja a principal arma de combate à inflação. Por outro lado, quando os juros pagos pelo sistema financeiro superam os ganhos dos investimentos produtivos, eles também desestimulam o crescimento da economia. Alternativas como a redução da carga tributária vigente são uma forma de estimular o investimento, até que a economia estabilize e a taxa de juros retorne a patamares desejados.

Artigo de autoria do professor, pesquisador, Diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP) e ex-conselheiro do Corecon-RS, economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 06/04/23.