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A possível recuperação


Há 50 anos, os Beatles lançavam seu emblemático e aclamado álbum de estúdioSgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Nele, Lennon e McCartney compuseramWith a Little Help from my Friends, cantada por Ringo Starr, cuja ideia é, simplesmente, mostrar como os amigos podem ajudar a superar as dificuldades cotidianas da vida.

Por que inicio o presente artigo sobre a possível recuperação da economia brasileira com a referida canção dos Beatles? Além, naturalmente, de manifestar ao leitor a minha preferência musical pelos fab four, a analogia à canção dos Beatles está relacionada ao fato de que a nossa economia parece estar saindo do "fundo do poço" graças à "pequena ajuda dos seus amigos", ou seja, o cenário internacional favorável, tanto em termos de uma maior demanda de importações por parte de nossos parceiros comerciais, quais sejam, China, os países da zona do euro e os Estados Unidos, quanto no que diz respeito à estabilização dos preços das commodities agrícolas e minerais.

Uma breve análise sobre os mais recentes indicadores externos da economia brasileira mostra que o balanço de pagamentos tem contribuído para o equilíbrio das contas externas e que o drive da tímida recuperação da economia brasileira têm sido as exportações líquidas. Mais especificamente, (i) nos primeiro e segundo trimestres, as exportações crescerem, respectivamente, 5,2% e 0,5%, (ii) entre janeiro e agosto de 2017, a balança comercial acumulou um superávit recorde da ordem de US$ 48,1 bilhões e (iii) o déficit de balanço de pagamentos em transações correntes, nos últimos 12 meses, tendo como referência o mês de julho do corrente ano, recuou para US$ 13,8 bilhões, equivalente a 0,7% do PIB, o menor dos últimos 10 anos. Ademais, entre janeiro e julho de 2017, os investimentos diretos no Brasil totalizaram ingressos líquidos de US$ 40,4 bilhões, também contribuindo para que as reservas cambiais, pelo conceito de liquidez, atingissem o montante de US$ 381 bilhões.

Pois bem, diante desses números, não é surpresa alguma a taxa de câmbio ter se estabilizado nos últimos meses e o setor externo estar sendo apontado pelos analistas econômicos como a variável de demanda agregada que poderá determinar o ritmo de crescimento brasileiro, nos curto e médio prazos, em conformidade com um regime à la export-led. Todavia, para que não haja frustração dessa perspectiva, é bom que o Brasil continue tendo um little help from [its] friends, ou seja, da economia mundial.

Fernando Ferrari Filho
"Ex-presidente do Corecon-RS, professor titular da UFRGS e pesquisador do CNPq
Artigo publicado originalmente na página, de Zero Hora, de 12/09/2017