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Vagas para Economistas

Analista de Planejamento e Performance III
 
LOJAS RENNER
Inscrições internas até 15/04

DESCRIÇÃO DA VAGA
Estamos buscando uma pessoa Analista de Planejamento e Performance para compor o nosso time.

REQUISITOS E QUALIFICAÇÕES
  • Formação Completa em Engenharias, Economia, Contabilidade e Administração;
  • Capacidade analítica e de resolução de problemas;
  • Capacidade de síntese e de preparação de materiais executivos;
  • Domínio de Excel e Power point;
  • Familiaridade com Power BI.
 

Os novos horizontes da Economia Comportamental


Patrícia Alves Schütz

Graduada em Economia, MBA Economia Comportamental,
Consultora em Finanças e Arquitetura de Escolhas/Irlanda

Corecon-RS Nº 7503

 

O que estuda a Economia Comportamental (EC)?

A Economia Comportamental transformou em objeto de estudo o pressuposto da Economia tradicional, que afirma que as pessoas são racionais e agem em benefício próprio. A esses estudos, são incorporadas teorias multidisciplinares vindas da psicologia, antropologia e neurociências, com o objetivo de tornar mais realistas as teorias de tomada de decisão. E, para atingir este objetivo, a EC utiliza-se de técnicas experimentais, dentre as quais os testes de controle randomizados (randomized controlled trial - RCT). Com a possibilidade de pesquisas online, este é um campo em desenvolvimento na economia como um todo, mas sendo bastante útil para a EC.

O que te atraiu para essa área da economia?

O que me atraiu para o estudo da EC foi esse carácter inovador e, de certa forma, revisor das ciências econômicas. Acredito que a profissão do economista tem muito a contribuir com a sociedade, porém é preciso incorporar novas metodologias e teorias para que tenhamos um papel cada vez mais relevante na sociedade atual. Entender comportamento humano e ferramentas de análise de dados são imprescindíveis para enfrentar os problemas atuais e do futuro.

Como funcionam as intervenções na teoria de escolhas?

As intervenções são parte da metodologia aplicada na EC, pois precisamos testar se o comportamento previsto pelo modelo é de fato o que acontece. Utilizamos o termo Arquitetura de Escolhas para desenhar essas intervenções. Uma intervenção é criada para resolver um problema. Por exemplo, aumentar a arrecadação de impostos sem aumentar tributos. No Brasil, isso ainda é muito novo, mas já temos um exemplo na prefeitura de São Paulo, que possui um Laboratório de Inovação e, dentro dele, existe o Nudge/SP, que já realizou uma intervenção alterando apenas o conteúdo das cartas de cobrança de IPTU em atraso, como já utilizado em outros países, e tiveram um aumento de 8,4% de regularização de dívidas, com uma arrecadação em potencial para o município, de 60 milhões a custo quase zero, uma vez que as cartas de cobrança seriam enviadas de qualquer forma. O que mudou foi apenas o seu conteúdo das mensagens. Pode-se constatar em https://drive.google.com/file/d/1q0PgIQiN_GdoICPu7lXb690RUb-vhA7A/view .

Como funcionam essas intervenções?

Esse tipo de intervenção, visando aumentar a predisposição dos contribuintes a pagar suas taxas em dia, é aplicada em diversos países, utilizando diferentes abordagens. Esses exemplos podem ser encontrados na página do Behavioural Insights Team (www.bi.team), grupo que teve origem no governo britânico e que hoje aplica EC em diferentes países, com escritórios espalhados pelo mundo. Nessas intervenções, são aplicadas diferentes metodologias, que podem variar regionalmente. Quando é desenhada uma arquitetura de escolhas precisamos identificar o problema e definir qual o comportamento que queremos incentivar ou impedir que aconteça, sem gerar proibições ou multas, e sim, utilizar os próprios vieses comportamentais que temos para nos conduzir a tomar tal decisão. É nesse momento que entra o famoso nudge, ou “empurrãozinho” ou “cutucada” (a tradução para o português não define da melhor forma, por isso utilizamos o termo original em inglês). Os nudges são o ponto de contato entre a arquitetura de escolhas e o agente a ser influenciado. As principais premissas dos nudges são que eles devem ser simples, de baixo custo e escaláveis, e podem ser aplicados em diversos setores, não só em políticas públicas, mas também no incentivo à poupança, planos de pensão, doação de órgãos, etc. Somos constantemente bombardeados pela arquitetura de escolhas pelo marketing, porém a EC nos mostra que é possível aplicar para os mais diferentes setores.

Como defines o viés do presente ou o imediatismo?

Para falarmos de viés do presente, precisamos pensar em desconto temporal. O viés do presente trata da nossa predisposição em privilegiar a gratificação imediata. O desconto é aquilo que abrimos mão por ter algo agora e não depois. A economia tradicional trata essa diferença como um desconto exponencial, isto é, uma taxa fixa proporcional ao tempo da espera. Enquanto a economia experimental percebeu que a preferência das pessoas na verdade varia dependendo do quão distante essas escolhas estão no tempo, não necessariamente a essa taxa fixa, o que é conhecido como desconto hiperbólico. Podemos ver o viés do presente nas nossas escolhas financeiras, como, por exemplo, tomar um empréstimo para comprar algo e pagar juros, gastar agora e não poupar para o futuro, e até nas nossas escolhas alimentares, como comer pizza agora e ter um aumento de peso no futuro.

Qual a importância da EC para a elaboração de políticas públicas?

A Economia Comportamental e experimental tem muito a contribuir para as políticas públicas. Não se trata apenas na construção de nudges, mas sim de se envolver com o público-alvo destas políticas, pois, para usar uma abordagem comportamental com eficiência, você precisa entender o comportamento de quem vai receber a intervenção. É preciso adaptar a intervenção para o ambiente social no qual ela vai ocorrer e, para isso, é preciso de envolvimento com a comunidade. Para mim, este é o maior legado que essa abordagem pode trazer.

Qual a importância da ECl no atual momento de pandemia que o mundo está vivendo?

Ela poderia ter sido utilizada para melhor comunicar os novos comportamentos, que devem ser incorporados na rotina todos nós. O problema é que não existe consenso sobre tais comportamentos. Acredito que a única unanimidade seja a limpeza das mãos. Até sobre o uso de máscaras existem controvérsias e pessoas que não defendem a sua utilização. Qualquer mudança de comportamento, principalmente de forma tão brusca, como ocorreu devido à pandemia, precisa de uma grande motivação. Aparentemente, a ameaça do vírus não impacta as pessoas da mesma forma, por isso existe essa diferença entre alguns que mudaram seus hábitos e outros que nem tanto. Além disso, o governo precisa proporcionar o ambiente para que as pessoas possam realmente mudar seus hábitos. Não estou aqui julgando o que foi feito pelo governo brasileiro e o que deixou de ser feito, apenas constatando que, quando existe um ambiente favorável para que as pessoas fiquem em casa, quando têm casas adequadas e alguma garantia financeira, a predisposição das pessoas a realizarem o isolamento social é maior. Mesmo com o crescimento de casos em algumas regiões do Brasil, como é o caso do Sul, estamos com dificuldades de manter o isolamento social, pois o que acontece agora é uma fadiga comportamental. Uma analogia seria uma dieta alimentar muito radical, com muitas restrições, por alguém que precisa muito perder peso. Porém, sabemos que essas restrições não são suportadas por um longo período de tempo. Da mesma forma, acontece com o isolamento social. Aqui no Sul estamos, desde março, sem poder ter contato com as pessoas, lidando com o abre e fecha do comércio. Estamos enfrentando o momento mais crítico na nossa região, tendo também que lidar com essa fadiga comportamental, o que nos desafia ainda mais.

Qual a tua sugestão para os estudantes ou profissionais que têm interesse em seguir essa área de estudo?

A EC é uma excelente ferramenta para ser inserida no arsenal de ferramentas do economista, bem como a análise de dados. As atividades do economista são muito variadas e a EC pode ajudar a ter uma visão mais realista de diferentes áreas, não só na microeconomia, mas, também, em elaboração de políticas públicas e finanças, por exemplo. Existem excelentes pós-graduações no Brasil que já tratam do tema (inclusive em EAD), assim como alguns cursos desenvolvidos por universidades e instituições estrangeiras, que podem ser realizados de maneira gratuita. Acho importante que não apenas os estudantes se interessem em aprender sobre o tema, mas, também, os profissionais experientes, que poderiam enriquecer demais os debates, já que a tendência é que profissionais de outras áreas se interessem pelo assunto, deixando, assim, o debate teórico, do ponto de vista econômico, relativamente raso.