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Cenários para a produção de grãos no Brasil e RS

lucilio alves

 

 

Lucilio Rogério Alves
Economista, professor da ESALQ/USP

 

 

De que forma a desvalorização do real pode afetar o agronegócio do Brasil e do RS?
Se por um lado essa taxa de câmbio maior encarece a importação de insumos para a agricultura, essa valorização do dólar deixa o nosso produto mais competitivo no mercado internacional, na medida em que reduz o custo para o importador. Já estamos percebendo uma dinâmica diferenciada no mercado, como os casos da soja, do milho e do algodão, cujos produtores já têm negociações fechadas para até o primeiro semestre de 2017. Trata-se de um ineditismo, especialmente no caso do milho. Nunca tinha acontecido antes, e, claramente, só estamos vendo isso devido à desvalorização cambial.

Neste contexto de desvalorização, qual o grande desafio?
O grande desafio que uma desvalorização da moeda traz para a economia e, especificamente para os produtores, é entender o timing de uma alta ou de uma queda. No ano passado, por exemplo, compraram-se insumos a uma taxa de câmbio muito menor que o preço do câmbio no momento da venda dos produtos finais, o que é muito bom para quem está produzindo. Este ano, a compra dos insumos ocorreu em um momento de taxa de câmbio alto, com atraso de liberação de crédito de custeio, o que acaba aumentando os custos. E o grande desafio é entender o que vai acontecer no primeiro semestre do ano que vem, especialmente quando se estiver vendendo a produção. Se a taxa de câmbio estiver em queda no momento da venda, vai haver um descompasso e podemos até ter endividamentos.

De que forma está estruturada a produção dos principais grãos no Brasil?
Soja e milho representam a maior parte da produção de grãos no Brasil, cerca de 181 milhões de toneladas, sendo que 209,5 milhões de toneladas são esperados para esse ano agrícola. A ocupação de área e o crescimento de produtividade vêm ocorrendo principalmente em função do uso do cultivo de grãos em segunda safra, o que não existe em outros países. A produção brasileira está crescendo devido a ganhos de produtividade, e não necessariamente à abertura de novas grandes áreas agrícolas. O Brasil vem intensificando o uso das áreas já disponíveis e com a meta de aumentar ainda mais o aproveitamento dessas áreas. Temos casos, inclusive no Rio Grande do Sul, de alguns milhões de hectares de áreas ainda não utilizadas em segunda safra.

Que produtos vêm sendo beneficiados pelo uso intensivo?
Claramente, se conseguirmos melhor aproveitar essas áreas, os custos fixos reduzem e teremos maior oferta numa menor área disponível. Em termos de Brasil, especialmente na região do Cerrado, há o cultivo, principalmente da soja no verão e uma sequência de milho na segunda safra. Estamos, a cada ano, reduzindo o uso do milho na primeira safra, em substituição principalmente pela soja, e intensificando na segunda safra. Temos, também, um cultivo de segunda safra de algodão, o que não existe em qualquer outro lugar do mundo. Os produtores do Cerrado, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de uma parte de Goiás, conseguem plantar soja no mês de setembro, colher em dezembro e janeiro, e entrar com algodão. E, o que é mais importante, mantendo uma produtividade do algodão como se o cultivo ocorresse em novembro e dezembro. Então, eles têm duas culturas em um mesmo período que tinham antes. Inclusive, recentemente, produtores passaram a cultivar arroz após a colheita da soja em Mato Grosso, algo não imaginado em anos passados.

Desde quando o Brasil vem utilizando essa estratégia da segunda safra?
A segunda safra era mais comum no Sul e Sudeste do país, especialmente com o cultivo de trigo como cultura de inverno. Também, sempre houve o cultivo de feijão e amendoim no Brasil em mais de uma safra, no mesmo ano agrícola. Porém, a partir da década de 90, produtores viram no milho uma alternativa ao trigo, no primeiro momento, e de maior uso da terra, num segundo momento. Elevando seu cultivo de forma expressiva nos últimos 10 anos. No caso do algodão, esse processo iniciou em 2008, 2009 e é algo inédito em termos mundiais. Isso reduz o custo fixo e, automaticamente, pode proporcionar melhor fluxo de caixa, além de, claramente, levar a uma maior sustentação e lucratividade do negócio agrícola como um todo. Num agregado, considerando os últimos 25 anos, a taxa de crescimento da área de segunda safra foi de 6,1% ao ano, enquanto a média do uso da área no verão, ou na primeira safra, foi de apenas 1,3% ao ano. E, em função dos ganhos de produtividade, a produção de segunda safra cresce a quase 12% ao ano, o que é algo extremamente espetacular.

O que falta melhorar?
Melhores resultados passam, obrigatoriamente, pela melhora na infraesturutra, tanto para armazenagem, quando para escoamento da produção, que está concentrada no Centro-Oeste do país e precisa ser transportada, e pela necessidade de um mercado comprador para absorver o excedente produzido, que não é pequeno. No caso do arroz, a maior parte do consumo é doméstico, mas se não tivéssemos tido crescimento das exportações nos anos recentes, os preços dos produtores estariam em níveis inferiores aos observados atualmente, com benefícios ao restante da população, mas sem sabermos o que poderia acontecer nos períodos seguintes. Por isso, temos que manter o crescimento do consumo (externo) para atender à crescente produção. No caso do trigo, a produção doméstica é praticamente a metade do que necessitamos e, mesmo com consumo mais estável nos anos recentes, tem se exportado o grão. É necessário, ainda, manter o estímulo à produção para minimizar os efeitos do clima e diminuir a dependência externa, principalmente em função da taxa de câmbio, que tem dificultado sua importação. Para a soja, a realidade é uma safra de margens muito apertadas devido aos mais altos custos da história, principalmente em função da deficiente logística, com altos custos do frete e do preço do combustível. Com relação ao milho, a ideia é o cultivo do grão para atender o consumo interno, que ainda é a maior parte da produção, e obter excedente para a exportação, o que deverá ser alcançado através de ganhos de produtividade.

Como está a concorrência com o mercado externo?
No mercado internacional, a concorrência por compradores tende a ficar mais acirrada. Os estoques mundiais de grãos estão crescentes, tanto nos principais países exportadores como nos maiores consumidores, fazendo com que a relação estoque final/consumo volte aos maiores níveis de 10 ou 12 anos. Com isso, as transações mundiais devem cair, reduzindo as oportunidades de vendas. Em função da tendência de aquecimento do mercado de bioenergia, os países estão crescendo sua produção de soja e de milho, em detrimento do trigo e do arroz, especialmente nos EUA, no caso do biodiesel, com a soja, e do etanol, com o milho. Essa relação estoque/consumo é que define o preço de todos os produtos agrícolas, ou seja, o quanto o estoque é o suficiente para atender o consumo de um determinado ano. Com uma produção crescente de soja, a relação estoque/consumo mundial está em mais de 30%, ou seja, se não produzir mais soja de 2016 para 2017 e se produzir o que se está esperando para 2015 e 2016, o estoque que vai ficar daria para atender 30% da demanda mundial. Esse é o maior nível já observado. Se a produção continuar aumentando e a demanda não crescer no mesmo ritmo, poderemos ter perspectivas de dificuldades em termos de preço de soja. Somente um problema climático que desse choque de oferta poderia reduzir esse estoque de forma que pudéssemos ter alguma alavancagem não esperada em termos de cotações.

Que cenários se apresentam para os grãos no mercado internacional?
No caso do milho, a oferta vai ficar um pouco menor, especialmente pelo crescimento do consumo industrial, o que vai fazer com que os estoques caiam um pouco, sinalizando melhores perspectivas de preços. O trigo também está com estoque mundial relativamente alto, melhor ainda que nos últimos 10 anos. Percebem-se alguns problemas climáticos nos EUA, na União Europeia e na Ásia, que podem mudar um pouco esse cenário. Para o arroz, o estoque está caindo pelo terceiro ano consecutivo, o que seria um cenário positivo se não tivéssemos países como a Tailândia, em que o governo paga e compra o produto do produtor, ficando com ele em estoque e colocando esse estoque no mercado. Há uma política muito forte, de subsídio aos produtores de arroz na Ásia, o que não acontece aqui no Brasil.

E como estão as exigências do mercado comprador internacional?
Cada vez mais rigorosas. A partir do próximo ano, deve haver restrição de crédito para o produtor que não se adequar às regras ambientais exigidas. Já temos uma série de empresas adotando exigências de rastreabilidade, de certificados de sustentabilidade muito mais exigentes do que as legislações governamentais, o que vai mudar o jogo do mercado, fazendo com que sobrevivam somente aqueles que conseguirem se enquadrar dentro dessas regras. E incluo aqui o mercado internacional exigindo produtos convencionais ou não geneticamente modificados. Isso exige toda uma rastreabilidade do processo de produção, escoamento e comercialização final, ente outros, que acaba elevando o custo, diante de um cenário comprador que exige e se dispõe a pagar por isso.

O que é necessário para se adequar a essas exigências?
É preciso manter o crescimento da produtividade, rendimento no câmbio, uso de tecnologia e melhoramento de capital humano, além da necessidade de se enquadrar às regras trabalhistas como um todo, o que é um desafio extremamente grande para o campo. É preciso elevar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, incrementar os financiamentos de custeio, comercialização e, principalmente, infraestrutura, com a implantação de armazéns e silos. Temos um cerrado jogando milho a céu aberto porque não tem onde estocar a produção. É preciso gerir e resolver esses problemas de infraestrutura, alguns deles sendo solucionados pelo setor privado, outros, à mercê do governo, que precisa fazer acontecer. É necessário mecanismo para que os produtores façam seguro de produtividade, com hedge de preços e seguros de renda, que é um grande desafio para mitigar riscos. Enquadrar-se às normas de controles fitossanitário e sanitário e ter uma política industrial consistente regional, estadual e nacional, para que se possa agregar valor.