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Vagas para Economistas

Analista de Planejamento e Performance III
 
LOJAS RENNER
Inscrições internas até 15/04

DESCRIÇÃO DA VAGA
Estamos buscando uma pessoa Analista de Planejamento e Performance para compor o nosso time.

REQUISITOS E QUALIFICAÇÕES
  • Formação Completa em Engenharias, Economia, Contabilidade e Administração;
  • Capacidade analítica e de resolução de problemas;
  • Capacidade de síntese e de preparação de materiais executivos;
  • Domínio de Excel e Power point;
  • Familiaridade com Power BI.
 

Conjuntura brasileira e taxa de câmbio

 

economia dia padrao lara

 

Fernando Maccari Lara
Corecon Nº 6236
Economista, Professor da Unisinos, Pesquisador da FEE

 


De que forma a desvalorização do real pode trazer impactos positivos para a economia brasileira?
Acredito que a maioria dos analistas espera por um crescimento das exportações industriais. Eu particularmente acredito que há um exagero em confiar à mudança do nível da taxa de câmbio a solução para a recessão e o desemprego, via exportações. Mesmo que cresçam significativamente as exportações, seu baixo peso no total da demanda agregada no Brasil impede que isto possa ser suficiente para contrapor o quadro recessivo da demanda doméstica. Este quadro recessivo, inclusive, deriva, entre outras coisas, da própria diretriz de almejar uma taxa real de câmbio mais desvalorizada, uma vez que isto pressiona para o aumento da inflação e a queda dos salários reais, contribuindo, assim, para a queda do consumo privado. Em síntese, acredito que boa parte dos economistas está procurando os efeitos positivos da desvalorização da taxa de câmbio, quando na verdade precisaria haver mais atenção sobre os efeitos negativos sobre a inflação, salários reais, crescimento econômico e emprego.

Se o ambiente político e econômico voltar a se estabilizar, a tendência deverá ser de recuperação do real frente ao dólar?
Poderá haver, mas não se pode reduzir este movimento ao ambiente doméstico. O movimento da taxa de câmbio pode ser bastante afetado por aspectos externos como os fluxos internacionais de capitais e os preços internacionais, que determinam restrições para a condução da política monetária brasileira. No cenário atual, não me parece plausível imaginar um cenário de revalorização cambial da intensidade do que assistimos na segunda metade dos anos 2000. Naquele período, os preços das commodities em dólares cresciam significativamente e a valorização do câmbio nominal era funcional para evitar que isto pressionasse a inflação doméstica. Até esse momento, não considero que as condições externas atuais sejam de todo ruins, pois não houve interrupção dos fluxos de capitais e há um grande volume de reservas internacionais acumuladas. Deste ponto de vista, alguma revalorização seria plausível e contribuiria para reduzir a taxa de inflação. Entretanto, os preços das exportações brasileiras estão hoje bem menores em dólares, o que gera pressões maiores contra uma valorização do câmbio nominal, visto que reduziria as receitas de exportações em reais.

Num ambiente econômico estável, a tendência é de queda da participação da indústria na economia?
Não vejo como uma tendência necessária. Depende do cenário geral, externo e interno, incluindo a política pública. Durante os anos 2000, assistimos de fato a alguma redução da participação da indústria. Entretanto, a produção física industrial crescia significativamente, ainda que em ritmo menor do que o PIB. Ocorre que o crescimento acelerou a partir de 2004, o que ocorreu em condições bastante favoráveis do ponto de vista externo, com câmbio valorizado e sem uma orientação clara de política industrial visando desenvolver os elos mais frágeis das cadeias industriais. Em tais condições, as empresas expandiam significativamente sua produção mediante uma crescente busca por insumos e bens de capital importados. Então, podemos dizer que uma parte da demanda que poderia ser atendida pela indústria interna acabava gerando produção e emprego em outros países, o que pode constituir parte da explicação para o crescimento menor da indústria comparado ao PIB. Mas a situação agora é completamente diferente, pois tanto a produção industrial quanto o PIB estão encolhendo fortemente, porque tanto o consumo e o investimento privados quanto os gastos públicos foram reduzidos. Quando estes componentes de gasto voltarem a crescer, a indústria também voltará a crescer. Se nesta conjuntura hipotética houver também uma taxa de câmbio mais desvalorizada, como a que temos agora, é possível projetar que alguns elos internos das cadeias produtivas possam ser fortalecidos. Mas entendo que o nível da taxa de câmbio não é garantia para conter o crescimento das importações em um cenário de crescimento. Ele deriva, em grande medida, da dependência tecnológica, algo bem mais complicado de solucionar.

A valorização da moeda pode provocar desindustrialização, perda de competitividade e desemprego?
Penso que não se pode atribuir tamanha centralidade para a taxa de câmbio. O desemprego, conforme já comentei, deriva do quadro recessivo da demanda agregada. A competitividade é certamente afetada pelo nível da taxa de câmbio, mas, também, por outros aspectos que, inclusive, andam um tanto esquecidos no debate brasileiro, como a qualidade da infraestrutura. Investimentos nessa direção poderiam gerar reduções sistêmicas de custos que elevam a competitividade para qualquer dada taxa de câmbio. E sobre desindustrialização, lembro mais uma vez que a indústria brasileira perdeu alguma participação no PIB na segunda metade dos anos 2000, quando o câmbio era valorizado. Porém, em termos absolutos a produção industrial crescia significativamente. Considerando a produção industrial de 2015, observamos que ela é 11,3% menor do que a registrada em 2011. Ou seja, nesse período em que o câmbio esteve em tendência de desvalorização, a produção industrial encolheu cerca de 3% ao ano, em média. Trata-se de um paradoxo para quem espera que o câmbio seja suficiente para dinamizar a produção industrial.

Quais as perspectivas para o retorno do crescimento?
Bastante complicadas, tendo em vista que está em curso uma acirrada disputa pelo poder no Brasil. E mesmo que tal disputa fosse solucionada rapidamente, nem o governo Dilma nem um possível governo Temer sinalizam com políticas que, em meu entendimento, possam conduzir a economia a uma trajetória de crescimento adequada. Seja qual for a solução do impasse político, ambas as agendas parecem sinalizar reformas de orientação liberal na previdência, na legislação trabalhista, na gestão das despesas públicas, entre outros aspectos. Entendo que essas reformas estão sendo gestadas porque podem satisfazer a demandas de segmentos importantes no cenário político brasileiro, viabilizando, assim, a sustentação de quem estiver no Palácio do Planalto. Como ocorreu no caso das desonerações tributárias, os efeitos positivos destas reformas para o conjunto da sociedade não são nada evidentes.