programa nacional de prevencao l ogo

Logo ENEFlogo programa prevencao corrupcao150

COMUNICADO IMPORTANTE

No dia 28/03/2024, quinta-feira, o expediente do Corecon-RS encerrará às 14 horas.
Voltaremos no dia 01/04/2024, segunda-feira, às 9 horas.
 
Setor de Cobrança
(segunda via de boleto e valores devidos)
cobranca@coreconrs.org.br | financeiro@coreconrs.org.br

Setor de Registro
(cancelamento e registro novo) 

Setor de Fiscalização  fiscal@coreconrs.org.br

Setor Jurídico  juridico@coreconrs.org.br 
 
 

Anuidade Digital 2024

Banner servicos online

servicos online post site 550

Vagas para Economistas

Analista de Planejamento e Performance III
 
LOJAS RENNER
Inscrições internas até 15/04

DESCRIÇÃO DA VAGA
Estamos buscando uma pessoa Analista de Planejamento e Performance para compor o nosso time.

REQUISITOS E QUALIFICAÇÕES
Formação Completa em Engenharias, Economia, Contabilidade e Administração
Capacidade analítica e de resolução de problemas
Capacidade de síntese e de preparação de materiais executivos
Domínio de Excel e Power point
Familiaridade com Power BI
 

banner alerta-golpe

banner golpe2

Banner forum 2024

kit midia digital 400

A Economia dos tempos do Milagre

araujo

 

José Luiz da Silva Araújo

Economista, Agente Fiscal do Tesouro do Estado, da Secretaria da Fazenda do RS, aposentado
Corecon/RS Nº 2604

 

Os economistas que se formaram em 1976, na PUC, encontram-se até os dias de hoje?
Nos encontramos um sábado por mês, no inverno para uma feijoada, com uma roda de pagode, no Boteco do Natalício, no Jardim Botânico. E no verão, em algum bar ou café, para um chopp ou happy hour.

Como era a economia há 40 anos atrás, nos anos 70?
A economia, naquela época, era bem diferente. Era a época que marcou história na economia, que foi a época do milagre econômico brasileiro. Tinha o superministro Delfim Neto, que concentrava muito poder e traçou um plano de recuperação para o País. Conseguiu capital estrangeiro, atraiu empresas multinacionais, com essas empresas estimulando a economia através da indústria automobilística, eletrodomésticos e bens de consumo não duráveis, com as empresas estatais oferecendo infraestrutura, com obras de base, com transporte, comunicação e energia. E, nesse contexto, as empresas privadas iam tocando os bens de consumo, de materiais, para dar sustentação às multinacionais. Uma espécie de tripé que dava sustentação ao funcionamento da economia. E ai aumentou o consumo interno, fizeram um mercado interno forte, as pessoas começaram a consumir e, naturalmente, a fazer a roda da economia andar. Essa era a nossa concepção da época.

Como o estudante de Economia reagia, naquela época, já que era um período de ditadura militar?
O aluno da época apoiava, mesmo sendo medidas da ditadura, porque existia uma empolgação natural com o crescimento e com o desenvolvimento pelo qual estava passando o País. Existia muita propaganda. Embora na época houvesse os alunos que defendiam as propostas governistas, especialmente as do Delfim Neto, que, na sua ótica, estavam construindo alternativas e melhorando a vida do brasileiro, havia os estudantes que eram contra porque não admitiam que isso tudo fosse feito ao preço da democracia e da liberdade de imprensa.

Eles eram contra à ideologia política que estava instalada naquele momento ou às propostas econômicas que vinham sendo colocadas?
Eles eram contra o formato político que vinha se desenhando e se desenvolvendo, embora, com relação às posições econômicas, propriamente ditas, a grande maioria concordava. Afinal, para todos nós, era a época do milagre econômico, e a propaganda era muito forte, com chavões tipo “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “Prá frente Brasil”, “Ninguém segura este País” e “Brasil: ame-o ou deixe-o”. E, somado a isso tudo, ainda vínhamos mergulhados na euforia da inesquecível vitória da Copa do Mundo em 70, no México. Tudo foi, de certa maneira, construído de forma a abrilhantar aquele período do chamado Milagre Econômico que, de certa forma, enchia a todos de orgulho. Lógico que vai se perceber, muitos anos depois, que isso tudo teve um grande custo para o País. A nossa dívida externa decorreu dali, já que o País contraiu muitos empréstimos que depois não conseguiu pagar. O governo da época também abriu linhas de financiamento para a indústria nacional, o que acabou nos endividando mais ainda.

As salas de aula da Economia eram compostas por uma média de quantos alunos?
As nossas salas de aula do básico eram formadas por uma média de 60 alunos. Lógico que, com o passar do tempo, na medida em que avançávamos os semestres, esse número ia se diluindo. Quando nos formamos, estávamos em cerca de 40 estudantes, um número já considerado bem expressivo para a época.

A formação do economista era basicamente planejamento naquela época?
Basicamente planejamento. O governo militar ampliou o controle do Estado sobre a economia fazendo o País crescer em marcha muito acelerada. Era um período de PNDs, de multiplicação de obras, muitas delas faraônicas, Itaipu, programa nuclear, além de estradas e pontes, como a Transamazônica, a Rio-Niterói, instalação de grandes siderúrgicas, enfim, um período de modernização total. Só que isso, mais tarde, acabou gerando problemas, como o aumento da dívida externa e a dependência do capital estrangeiro, com consequências ainda nos dias de hoje. Este era o cenário em que vivíamos e, portanto, uma época muito boa para quem estava iniciando ou trabalhando na economia.

O economista era valorizado já naquela época?
Sim. O economista começou a ser mais valorizado naquela época pelo setor público. Até então, o contador era muito valorizado, inclusive absorvendo algumas atividades do economista. Mas, depois, a profissão começou a ganhar espaço e valorização, recuperando muitas das atividades que eram de nossa alçada. Tanto que grande parte do pessoal do nosso grupo de formandos, da época, prestou concurso público para trabalhar como economista, fiscal de tributos e outras áreas afins à economia. Como, no meu caso e de mais cinco ou seis formandos, que fizemos concurso na época para Técnico em Economia e Finanças, da Secretaria da Fazenda, e, aprovados, fomos trabalhar juntos, assim como de mais uns três ou quatro que foram para a Secretaria do Planejamento, Obras Públicas, enfim. Eu fui para Auditor de Finanças Públicas, depois mudou o nome para Agente de Finanças, e assim foi indo, até me aposentar como Auditor de Finanças Públicas, em 1997. Hoje atuo, em cargo de comissão, na Assessoria de Planejamento e Orçamento do Ministério Público do RS.

Onde o economista formado buscava atualização e qualificação?
Normalmente, nas universidades. Embora muitos colegas, assim como eu, buscassem aprimoramento de suas atividades na Escola de Administração Fazendária, da União, que fica em Brasília. Também tinha a STN, que servia de fonte de qualificação para os profissionais com nosso perfil, das áreas de orçamento e finanças. As universidades não se voltavam para essa área. Já existia um órgão de muita expressão, que é a Associação Brasileira de Orçamento Público (ABOP), a qual já tive a honra de presidir. Fundada em 1964, era centralizada na União e tinha regionais em todos os estados. Era um órgão muito forte. Nos anos 60, 70 e até mais recentemente, a ABOP exercia um papel fundamental em nossa área, de grande expressão, porque naquela época não existia internet, e as novidades no setor nos chegavam através desse órgão, via telefone, carta, etc. e era uma referência total. Hoje, logicamente, perdeu muito dessa força porque, com todos esses meios de comunicação proporcionados pela era digital, se acessa às novidades via internet, com informações do mundo inteiro.

O que levava o jovem a optar pelo curso de Economia?
Acredito que o motivo principal era a expectativa de poder participar daquele momento em que o pessoal via na economia um caminho e uma forma de poder participar, de crescer e desenvolver junto. E percebia-se isso de forma muito clara nos debates e discussões que eram realizados semanalmente nas dependências da Faculdade, normalmente promovidas pelo grêmio estudantil (CAVM).

Nos tempos atuais, o grupo de economistas da época de vocês atua no setor público ou privado?
Hoje, a grande maioria dos nossos colegas, daquela época, atua na iniciativa privada, embora tenham muitos colegas que atuam ainda hoje no setor público.