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Economistas debatem medidas econômicas da administração Temer

 


Os economistas Paulo Costa Fuchs, sócio diretor da FAAST Consultoria inteligente e vice-presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), e Vanessa Neumann Sulzbach, assessora da presidência da Fundação de Economia e Estatística (FEE), foram os palestrantes da última edição do Economia em Pauta, realizada na noite do dia 29, nas dependências do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O tema do encontro foi “Uma análise das primeiras medidas da administração Temer”.

abertura

O evento foi aberto pela presidente do Corecon/RS, economista Simone Magalhães, que agradeceu a presença dos palestrantes e elogiou aos demais presentes, que lotaram a Sala Figueira, do Hotel.

Vanessa Sulzbach iniciou sua fala apresentando informações e dados sobre o comportamento do PIB brasileiro a partir do ano de 1990, que demonstram que o Brasil vive um dos piores momentos da sua história econômica recente, com o segundo ano de forte queda do PIB, além de previsões, por parte do Banco Central, de retrocesso de 3,4% da economia para este ano. Explicou que, após a crise de 2009 o País conseguiu, através de algumas medidas anticíclicas, chegar a um crescimento de 7,5%, mas que, naquela ocasião, o governo entendia que essas medidas deveriam permanecer. Explicou que houve uma série de intervenções em diversos setores da economia, como energia elétrica, gasolina, entre outros, provocando desequilíbrio nesses setores, além de intervenções no mercado de câmbio para impedir que a sua desvalorização tivesse efeito sobre a inflação, bastante elevada, e outras políticas que levaram a um sério desequilíbrio fiscal, com elevação dos gastos em período de desaceleração das receitas. Através de gráficos, demonstrou que a média das despesas do governo federal era de 17% do PIB entre os anos de 2007 e 2010, passando para 20% em 2016. “Aumentamos 4 pontos do PIB, ou o equivalente a 80% da arrecadação anual com Imposto de Renda”, ressaltou. Falou do crescimento da dívida pública do País e das dificuldades de o governo federal conseguir saldá-la, o que acabou provocando o rebaixamento de credibilidade internacional, e, consequentemente, mais incertezas no mercado e crise nos níveis de confiança dos consumidores e do empresariado.

Tendo como base a situação nada favorável a que chegou a economia brasileira, a economista da FEE apresentou uma análise das principais medidas adotadas pelo governo interino de Temer. As principais medidas se resumem à retomada do tripé macroeconômico, através de um maior comprometimento do Banco Central com a estabilização, a liberação do mercado de câmbio e o ajuste fiscal, como forma de retomar a credibilidade e tornar o ambiente econômico mais tranquilo, propiciando a retomada de decisões de investimento e de consumo. Entre as medidas fiscais, lembrou a devolução por parte do BNDES de R$ 100 bilhões em ativos ao Tesouro Nacional, o fim do Fundo Soberano Brasileiro (FSB), com devolução de R$ 2 bilhões, Governança dos Fundos de Pensão e das Estatais, criação de um teto para limite dos gastos públicos, além da renegociação das dívidas dos estados. Disse, ainda, que essas medidas não são suficientes para garantirem a sustentabilidade e o desenvolvimento do País e que terão que vir acompanhadas pela discussão da Previdência, da reforma tributária e da questão trabalhista. “Esse é o momento adequado para discutirmos o que queremos para o Brasil”, finalizou.

fuchsO economista Paulo Fuchs iniciou sua apresentação lembrando que possui tradição de pensamento liberal e que falaria sobre as medidas que levam um país a ser desenvolvido, livre e próspero, abordando as iniciativas econômicas do governo Temer e as chances de conseguir ou não atingir seus objetivos. Disse que o principal fator para o desenvolvimento sustentável, na visão da escola austríaca de pensamento econômico seguida por ele, é que, para sair da pobreza e ser desenvolvido a longo prazo, um país, assim como seus cidadãos, precisa acumular capital. Afirmou que é muito difícil o Brasil, com crescimento médio de 2% ou 4% ao ano, conseguir acumular riqueza. “É muito triste um País que precisa acumular riqueza ter um crescimento desse nível. Seria um processo muito lento, que levaria muito tempo para ser alcançado”, disse. Lembrou que, como qualquer funcionário ou empresário, que busca acumular capital e gerar riqueza através da poupança, o mesmo deve acontecer com um país. Ressaltou que o Brasil  tem uma poupança histórica muito baixa, por ser um estado que gasta muito mais do que deveria e torra toda a poupança nacional, elevando, com isso, o custo do dinheiro a ser utilizado para investimento. “No Brasil, 50% da renda nacional é comprometida com o Estado. E o dinheiro não está no nosso bolso porque o governo o desvalorizou através da expansão da base monetária do País”, disse.

Explicou que metade da riqueza criada foi desperdiçada ou colocada em projetos de qualidade duvidosa. “O Estado não é um bom gestor. Por definição, ele não sabe administrar de forma ótima os recursos escassos”, ressaltou, apontando para o corte drástico de gastos como a única maneira de resolver os problemas adquiridos ao longo de décadas de má administração. Criticou o fato de que, no Brasil, ainda se tem a crença de que enfraquecendo a moeda interna se promove a competitividade da indústria e o desenvolvimento da economia. Da mesma forma, responsabilizou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), criada no governo Getúlio Vargas, como agente penalizador das empresas, responsável por inibir o crescimento econômico e social do País, “já que impossibilita a acumulação de capital também para o trabalhador mais pobre”.

Também estiveram presentes ao encontro o vice-presidente do Corecon/RS, economista Darcy Carvalho dos Santos, os conselheiros Aristóteles Galvão, Bruno Breyer Caldas e Rogério Tolfo, o ex-presidente da Entidade Lauro Renck e o ex-conselheiro Carlos Alberto da Rose Abel.

Após o encontro, foi servido um coquetel aos presentes, com a cortesia da Água Mineral Sarandi, Fante/Cordelier e Plaza São Rafael.