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Reforma política ou reforma dos políticos

Ouve-se, com freqüência, que o Brasil carece de reformas para decolar rumo ao desenvolvimento, em benefício da sua população. São várias as reformas aclamadas, mas talvez a mais importante seja a reforma política. Antes, porém deveria haver um amplo debate com toda a população brasileira sobre o tipo de reforma política que o país deve adotar.

Certamente, muitos dos brasileiros não se interessarão em participar, mas é bom que se ressalte que os que se dizem não estarem interessados em política não entendem que serão governados pelos que se interessam. Platão já dizia que “A punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus”. Os nossos impostos merecem boa administração. Os bons políticos existem e estão entre nós. Cabe à sociedade incentivá-los a seguirem em frente e darem a sua contribuição na administração correta do país, por um determinado tempo, e retornar a sua atividade profissional. Política não deve se tornar profissão como muitos exemplos que temos em todas as esferas de governo. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política.

Os políticos “tradicionais” não admitem reforma política porque ela pode mudar a situação atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados. Este é o ponto a ser considerado. Quem faz a reforma política são os políticos que compõem o Congresso Nacional, eleitos pelo povo.

A discussão sobre a necessidade da reforma é antiga e iniciou no governo de Fernando Henrique Cardoso e, somente no segundo semestre de 2015 o Congresso Nacional votou parte da reforma política, classificada como minireforma eleitoral. As mudanças foram sancionadas pela ex-presidente Dilma Rousseff, ocasião em que foram alterados vários pontos do processo de representação brasileiro, como eleições, as regras dos partidos políticos e o código eleitoral. Todas as ações modificadas entraram em vigor em 2020, mas parece que não alterou em nada o descontentamento da população com a política.

Nós, brasileiros, devemos nos dar conta de que a grande reforma política do Brasil deverá ser feita pelo povo brasileiro, ou seja, ao invés de reforma política devemos fazer a reforma dos políticos. Ela começa pela escolha correta dos nossos representantes no Congresso Nacional. Com algumas exceções, ainda somos levados pela emoção do discurso fácil, da euforia da vitória momentânea que logo se transforma em revolta em função da má atuação do nosso candidato. Despendemos pouco tempo para investigar sobre a vida do nosso candidato antes da votação. Não sabemos quais os seus objetivos com a política e a sua capacidade em atuar a favor dos interesses da população e não dos seus que, certamente, já estarão claros nos seus propósitos de se tornar um político. Pessoas éticas serão políticos éticos, ou seja, suas ações serão sempre direcionadas para a realização do bem comum.

Este é um atributo básico para desempenhar o seu trabalho. Com a reforma dos políticos e a conseqüente mudança dos atuais que compõem o Congresso Nacional, mudaremos o sistema, que parece modificar as pessoas quando por lá ingressam. O Brasil só vai mudar quando a população entender que é ela que tem o poder da mudança. Em 2022, elegeremos um novo presidente, quem sabe comecemos desde já a investigar sobre os brasileiros que se apresentarem como candidatos.

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (AC), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 26/05/21.