As ideias e teorias de Thomas Robert Malthus (1766-1834) são frequentemente lembradas nas principais universidades do mundo. A maioria delas para contestá-las; outras, para tentar compreendê-las -- consoante o que ocorria no seu tempo de iluminista.
O britânico Malthus foi clérigo (sacerdote anglicano), sociólogo e economista. Sua tese mais conhecida, por razões históricas, é a mais combatida. Dizia que, no mundo, a produção de alimentos cresceria em progressão aritmética, enquanto a população aumenta em proporções geométricas – fenômeno este que determinaria a escassez de alimentos. Observe-se que o mundo malthusiano era agrário. Pobre. Sua teoria foi denominada de dismal Science (ciência sinistra) por Thomas Carlyle. Mesmo assim, ela inspirou parcialmente diversos campos do pensamento científico: dentre outros, David Ricardo, Stuart Mill, Charles Darwin e, mais tarde, John Maynard Keynes (o nível da economia depende de demanda efetiva).
No que diz respeito à produção agrícola, houve vigorosa resposta com a “Revolução Verde” encabeçada pelo agrônomo norte-americano Norman Borlaug (1914-2009) -- prêmio Nobel da Paz de 1970. Nisso, não se vá muito longe: a atual grande produção de alimentos produzidos, no Brasil, deve muito a atuação dos agrônomos brasileiros Luís Fernando Cirne Lima e Alysson Paulinelli.
Todavia, há que se recordar que a teoria de Malthus abarca outras áreas ou a acontecimentos, tais como: as enfermidades, as pestes, as guerras (onde morrem soldados e principalmente populações civis), os desastres naturais (hoje desequilíbrios no meio ambiente), tudo resultando em freio ao crescimento populacional.
Assim, nesse aspecto, tirante sua principal tese, pelas razões expostas, não é de se esquecer que, com a atual e violenta pandemia, as fímbrias das ideias de Malthus também podem ser lembradas pela ciência.
Artigo de autoria do economista Guilherme Socias Villela, ex-professor da UFRGS e ex-prefeito de Porto Alegre, Economista Destaque Corecon-RS 2019, publicado em Zero Hora, na edição do dia 01/06/21.