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Petrobras rica, povo pobre

Registros não muito distantes que datam 1946, nos informam a convicção dos brasileiros sobre a importância do país explorar as suas riquezas petrolíferas em prol do desenvolvimento do país, até então dependente dos combustíveis e gás natural, importados, desde os tempos do regime imperial.

Em conseqüência da pressão popular para que o país explorasse esta riqueza, no dia 3 de outubro de 1953, no segundo governo de Getúlio Vargas, foi aprovado, pela Lei Federal n* 2004 a criação da Petrobras, a maior petrolífera do Brasil. Os brasileiros que participaram ativamente do movimento para a criação da empresa não tinham dúvida sobre a importância de o país extrair e processar o seu petróleo e com isso não depender de importações cujo valor oscilava nos períodos críticos das guerras.

O Brasil, pela sua extensão territorial e opção pelo transporte rodoviário para distribuir as suas riquezas, consome, no presente, 2,5 milhões de barris por dia de petróleo e produz três milhões. Mesmo produzindo mais do que consome, depende da importação de 300 mil barris por dia visto que, as refinarias brasileiras, obsoletas, não conseguem produzir o suficiente para abastecer o mercado interno. Por se tratar de uma fonte indispensável de energia para diversos usos humanos não está disponível para todos os países que, na sua maioria precisam importar. Além do mais os estoques naturais limitados no planeta influenciam o preço dos produtos, empobrecendo quem necessita comprá-lo e enriquecendo quem produz e exporta.

No passado os brasileiros se orgulhavam das descobertas de reservas de petróleo no país, ocasião em que o Presidente Getulio Vargas pronunciou a famosa frase “O petróleo é nosso”. Se estivesse vivo hoje Getúlio não repetiria a frase ou talvez modificasse para “A Petrobras não é nossa, mas dos acionistas”, os maiores beneficiários dos atuais lucros da empresa. Nos recentes ataques da Lava Jato à Petrobras, a empresa quase faliu e quem está pagando o prejuízo são os brasileiros, mesmo que, em 2021, a estatal tenha recuperado mais de R$ 1,2 bilhão na condição de vítima dos crimes de investigação. O que os brasileiros não conseguem entender é que a empresa é brasileira, extrai e refina o petróleo no Brasil, no momento é superavitária, pois gerou no primeiro trimestre de 2022 R$ 44,5 bilhões (US$ 9,405), resultado maior que o obtido no mesmo período de 2021, que alcançou R$ 1,2 bilhão, lucro atribuído a alta do petróleo no mundo. Este resultado é quase o dobro dos US$ 5,480 bilhões registrados pela americana ExxonMobil, a maior petroleira do mundo e superior a empresa chinesa Petrochina que lucrou, no mesmo período US$ 6,161 bilhões. Além do mais remunera salário de R$ 260 mil mensais para o seu presidente, distribuiu lucros de R$ 11,9 bilhões para 24,6% dos acionistas estrangeiros, R$ 8,3 bilhões (17,1%) para empresas e pessoas físicas; R$ 3 bilhões (7,9%) para o BNDES e outros investidores.

A decepção do povo brasileiro com a atual política de preços dos combustíveis adotada pela Petrobras parece estar no limite da tolerância, uma vez que toda a população está pagando com o pouco que ainda lhe resta e empobrecendo com a inflação que os preços dos combustíveis provocam em toda a cadeia de produção e circulação das mercadorias.

A ameaça do Presidente Bolsonaro de intervir na política de preços da Petrobras causou certa decepção em Wall Street, afinal quem comanda a economia mundial é o mercado financeiro, defensor do liberalismo e do lucro a qualquer preço. Para os especuladores financeiros internacionais, ou gestores de fundo NY, o reajuste de preços da Petrobras tende a se manter, mesmo que desagrade uma população ou várias populações, o mais importante para eles é o equilíbrio e a segurança dos acionistas que aplicam seus recursos num mercado promissor para investir.

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 25/05/2022.