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Mercado das moedas virtuais

O dinheiro foi criado para facilitar as trocas comerciais quando estas se tornaram mais complexas. No Brasil, os primeiros recibos foram emitidos pelo Banco do Brasil em 1810 com o valor preenchido à mão, como é feito com os cheques. Aos poucos, como já aconteciam com as moedas, os governos passaram a controlar a emissão de cédulas de dinheiro para evitar as falsificações e garantir o poder de pagamento. No presente, 28 bancos dominam as finanças no planeta, tornando os Estados reféns do seu poder, mesmo sendo apenas intermediários entre quem emite a moeda e quem tem o direito sobre ela. O sistema bancário atual oferece vários serviços, todos rentáveis para eles, sendo um deles o cartão de crédito, com juros no rotativo que alcançam, até 300% ao ano. São as instituições mais ricas do sistema econômico.

Como alternativa à atual concentração bancária, surgem às moedas virtuais, ou seja, você pode tê-la, mas não põe a mão nelas. O diferencial dessa nova maneira de intermediar negócios financeiros é que eles são descentralizados, ou seja, não tem vínculo com nenhum governo, empresa ou banco. Eles foram pensados para construir um sistema econômico alternativo pelos próprios usuários, com a utilização de tecnologia robusta, denominada blockchain. Trata-se de uma espécie de banco de dados, onde ficam armazenadas todas as informações sobre transações de moeda virtual, chamada “bitcoin”, acessível a todos os usuários. Segundo registros, a idéia do desenvolvimento da tecnologia foi de Satoski Nakamoto em 2009, mas muitos acreditam que surgiu de um conjunto de empresas, mas nada foi confirmado. Para a maioria das pessoas o sistema é complexo e ainda não foi popularizado. Entretanto, nos países desenvolvidos as moedas virtuais já circulam com força entre os investidores, que acreeditam na tecnologia, considerada inovadora. Blockchain, na verdade é uma cadeia de blocos, onde cada bloco é formado por várias informações sobre as diversas transações e possui uma assinatura digital única, chamada de “hast” ou “proof of work”. Essa assinatura funciona como uma impressão digital do bloco e ajuda a dar mais segurança ao processo, já que tudo é criptografado. Embora o “Bitcoin” seja a mais comum das moedas digitais em circulação no mercado há diversas outras e podem ser usadas com a mesma finalidade do dinheiro físico em si. Elas podem servir como meio de troca, facilitando as transações comerciais; reserva de valor, para a preservação do poder de compra no futuro; e ainda como unidade de conta, quando os produtos são precificados e o cálculo econômico é realizado em função delas. Segundo Fernando Ulrich, autor do livro “Bitcoin”, faz uma analogia muito simples: “O que o e-mail fez com a informação, o Bitcoin fará com o dinheiro”.

O tema é ainda novidade no Brasil, mas já mereceu a aprovação de projeto de lei no Senado que visa regulamentar o mercado das criptomoedas. A proposta 4.401/21 traz diretrizes que visam entender a dimensão desse novo ambiente de negócios. Afinal, só no ano de 2021, as criptomoedas movimentaram R$ 215 bilhões na compra e venda das moedas, sem considerar o mercado como método de pagamento, que cresceu na ordem de 6% no último ano. O tema já gerou demanda do Banco Central brasileiro, ao senado, propondo um marco regulatório para o mercado das criptomoedas. A preocupação é válida para evitar fraudes em prestação de serviços ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros, conhecidos como “pirâmide financeira”. Enfim o tema é bastante complexo para ser entendido num espaço curto, mas para quem investe na bolsa e entende a volatilidade dos valores, com a aquisição de criptomoedas não é diferente e vai depender da tolerância dos investidores.

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, no dia 128/07/2022.