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São os economistas robôs?

Nós, economistas, recorremos a nossos modelos e sistemas, hoje muito vinculados à ciência da computação, para interpretar realidades, projetar o futuro e tomar decisões. Alguns emprestam seu conhecimento a configuração de algorítmos e à inteligência artificial. Tendência que aumentam os riscos de sermos substituídos por robôs. E, talvez muitos de nós revelem essa preferência, devido à frieza e a racionalidade a serem alcançadas. Nossa Bioética impede, mas, paradoxalmente, a paixão pela economia leva muitos economistas à fronteira entre a humanidade e o não-humano. 

Prever fatos futuros sempre foi desejo da humanidade. Seja no Antigo Egito, com a interpretação dos sonhos dos faraós, no Oráculo de Delfos, da Grécia Antiga, ou na quiromancia e na astrologia que permanecem nas esquinas.

Quando se trata de projetar as tendências do futuro, sejam elas individuais (micro) ou em bloco (macro), os recursos matemáticos e estatísticos são ferramentas dos economistas. Usamos modelos descritivos e analíticos. Os primeiros são empíricos e descrevem as reações sem lhes dar explicação.
O modelo analítico explica e busca causas, soluções e tomadas de decisão. Não raro, economistas iniciantes se apaixonam pela conveniência de modelos descritivos matemáticos e robotizam suas interpretações. 

Infelizmente, vimos economistas usarem a defesa da economia com teses matemáticas para que brasileiros fossem às ruas e corressem o risco de contágio durante a pandemia. Assistimos a descrições que calculavam quantos hectares de florestas queimadas poderiam ser compensados por aumento do PIB. 

A economia não é o oposto de saúde ou sustentabilidade. Não somos robôs, Não seremos substituídos por algorítmos em sistemas computacionais. 
A profissão é nobre. Buscamos, é verdade, otimizar as tomadas de decisão para que o bem-estar gere desenvolvimento sustentável. E, nesses casos,
e não somente neles o ótimo é inimigo do bem. 

 

Artigo de autoria do Ex-Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico de Porto Alegre e Ex-Presidente do Corecon-RS, economista Leandro de Lemos, publicado na Zero Hora, edição do dia 19/09/2022.