“Tornar-se interessante para o consumidor é quase uma estratégia de sobrevivência”
O comércio varejista cresceu somente 0,8% nos últimos 12 meses. O baixo desempenho se deve a inúmeros fatores como alta da inflação, aumento da inadimplência, redução do poder de consumo, entre outros. Diante deste cenário, criar estratégias para se tornar interessante para o consumidor é quase uma estratégia de sobrevivência, defende a economista-chefe da Fecomércio, doutora em economia e professora universitária, Patrícia Palermo. Para ela, é preciso estar atento às tendências e estar onde o cliente está, muitas vezes em múltiplos canais. “As oportunidades existem em todos os negócios, o que difere os que fazem sucesso dos que não fazem é a capacidade de reconhecê-las”, destaca a especialista. Patrícia irá abordar o assunto no painel “RS Perspectivas setoriais”, no V Encontro de Economia, promovido pelo Corecon RS no dia 12 de agosto (clique aqui e garanta a sua vaga - https://www.sympla.com.br/evento/v-encontro-de-economia-rs/1984702 ). Nesta entrevista, ela antecipa alguns dos temas que irá tratar no evento, confira:
Corecon - Na sua fala no painel você irá abordar sobre como tornar a economia e os negócios mais eficientes. Como você avalia o atual momento do varejo e quais as oportunidades para os empresários, hoje?
Patrícia Palermo - O comércio varejista no Brasil acumula alta de 1,3% no ano até maio e em doze meses patina com mísero 0,8% de crescimento. É um momento complexo. Apesar do aumento da população ocupada e da massa salarial ampliada, a inflação dos últimos anos estrangulou o orçamento de muitas famílias, elevando o endividamento. Além disso, as taxas de juros altas já há bastante tempo tornam o crédito caro, e com o aumento da inadimplência, mais escasso. A se somar a isso há um aumento muito significativo da concorrência, em muitos casos desleal. Num país com tributação elevada sobre o consumo, a concorrência com sites estrangeiros que não seguem as regras do jogo é brutal. Criar mecanismos para se tornar permanentemente interessante para o consumidor é quase uma estratégia de sobrevivência. O receituário não é novo, mas nem por isso simples. A atenção quanto a tendências e a presença constante em redes sociais, ouvindo o cliente e despertando interesse, são fundamentais, mas não só isso. Saber apurar custos, formar estoques, precificar, são fatores elementares, mas muitas vezes relegados a um segundo plano. As oportunidades existem em todos os negócios, o que difere os que fazem sucesso dos que não fazem é a capacidade de reconhecê-las.
Corecon - O que mudou no jeito de fazer negócios depois da pandemia, na sua avaliação? Você acha que os empresários estão conseguindo acompanhar de forma eficiente essas mudanças?
Patrícia Palermo - A compra multicanal se consolidou. Os consumidores transitam por vários canais: compram na loja física, pelos sites, no Instagram... Ao lojista cabe entender onde ele deve estar e qual esforço dedicar a cada canal. Para muitos essa transformação tem sido muito difícil. Não é fácil mudar, incorporar o novo, e principalmente entender que é preciso testar para ver se dá certo.
Corecon - Como tornar os negócios mais eficientes, diante de todas essas transformações e também dos desafios já conhecidos como instabilidade econômica e baixo nível de confiança do consumidor?
Patrícia Palermo - A eficiência vem através do aproveitamento pleno dos recursos disponíveis. É preciso formar estoques de forma mais inteligente, equilibrar o fluxo de caixa, não perder no financeiro o que se ganha no operacional. É preciso treinar colaboradores e identificar bem clientes e concorrentes. É preciso reconhecer que práticas que deram certo no passado não funcionam mais e assimilar estratégias novas. Para isso é importante observar o que está ocorrendo no mercado e entender o que pode ser adequado a cada negócio.