Mulher: Dona de si, líder de si mesma!

Dirlene Silva

Economista, Mentora, Coach e Consultora de Inteligência Financeira,
CEO na DS Estratégias e Inteligência Financeira, palestrante,
embaixadora e professora na Escola Conquer,
conselheira nos projetos Artigo 19 e Injeção de Autoestima,
embaixadora no Clube Mulheres de Negócios de Portugal,
membro coletivo Conexão Mulheres e Economia,
colunista de Finanças nos Blogs do Banco Pan, Prateleira de Mulher e Black Collab.
Em 2020 foi eleita LinkeIn Top Voices, sendo a única economista da lista,
em 2021 foi nomeada Linkedin Creator
e é umas das 50 pessoas mais criativas do Brasil segundo a Revista Wired.


Como tem acompanhado a participação da mulher no mercado de trabalho nos últimos anos?

Até 2020 a participação feminina no mercado de trabalho no Brasil era crescente. A prova disto, é que as mulheres brasileiras conquistaram o direito de trabalhar fora de casa livremente (sem precisar da permissão do pai ou do marido) em 1962, e hoje, passados apenas 60 anos, já representam 61,9% da força de trabalho do país. Ou seja, conquistamos espaços, mas ainda há um caminho considerável a percorrer na busca por equidade. Embora a participação feminina represente mais da metade da força de trabalho, quando se faz o recorte por cargos de gestão, essa participação é de 39,4%. Ainda, quando focamos no topo da pirâmide, somente 3,5% das mulheres ocupam a cadeira número 1 de CEO. Além disso, o salário recebido pelas mulheres é em média 34% inferior ao dos homens.

A pandemia trouxe algum impacto na evolução da participação da mulher no mercado de trabalho?

Sim, a pandemia representou para mulheres um retrocesso em termos participação no mercado de trabalho, pois elas representam a maioria absoluta da massa de desempregados na pandemia. Infelizmente, a pandemia interrompeu a evolução crescente de 30 anos da participação das mulheres no mercado de trabalho. Contudo, apesar dos números negativos, questões como profissões tipicamente femininas, acúmulo de tarefas, dupla jornada de trabalho e maternidade, que não eram anteriormente faladas, ganharam destaque na sociedade. As empresas passaram a discutir e, assim, refletir sobre os vários tipos diversidade, bem como os benefícios delas. Eu, particularmente, vejo esses fatos como uma intenção positiva. Agora, no mês de março, tenho agendadas várias palestras em empresas sobre a diversidade de gênero direcionadas a todos os públicos. A ideia é inspirar as mulheres e sensibilizar os homens, fomentando a discussão de como as competências das pessoas se complementam e que diversidade é saudável. Enfim, a sociedade está questionando o modelo patriarcal, bem como os tabus que envolvem a figura da mulher no mercado de trabalho. E sobre tabus, eu defendo que decretamos o “início do fim de um tabu quando começamos a falar sobre”.

De que forma as mulheres de hoje estão assumindo a sua condição de provedora da família?

A condição de cada vez mais mulheres assumirem o papel de provedora ou responsável pelo provimento da família, na mesma proporção que o cônjuge, está diretamente ligado às conquistas de direitos das mulheres (quadro abaixo) ao longo dos anos e, consequentemente, evolução da sociedade. Em 1970, mesmo trabalhando fora, dizia-se que a mulher apenas ajudava o marido. Minha mãe se divorciou em 1977 e o fato foi um escândalo. Nos anos 80, a mulher apanhar do marido não era um fato que chocava. Inclusive não era crime. Ouço relato de homens que cresceram nessa época e ouviam suas mães instruindo suas irmãs sobre cozinhar, lavar, passar, ou seja, a ser uma excelente dona de casa para que nunca apanhassem de seus maridos. Nossa constituição atual, de 1988, foi a primeira que reconheceu a igualdade de gênero entre homens e mulheres na teoria. Na prática, ainda não existe tal igualdade.

Toda a mulher já se sente preparadas para essa nova realidade?

Sem dúvida que sim. Como visto no quadro anterior somente em 1879, sendo em menos de 150 anos as mulheres conquistaram o direito de cursar uma faculdade. Hoje, elas já representam 57% dos estudantes do ensino superior. Elas estão presentes em 71,3% nos cursos de licenciatura e 54,90% nos cursos de bacharelado. Nos cursos de pós-graduação, este número aumenta, chegando a 64%. Já no mundo do empreendedorismo, mais de 51% dos novos empreendimentos são liderados pelas mulheres. Logo, a realidade é que as mulheres estudam mais e empreendem mais que os homens.

Qual a tendência?

A tendência é que cada vez mais ser “lugar de mulher é onde ela quiser”. As mulheres estão gradativamente mais cientes de seus direitos e que podem fazer escolhas. Há mulheres que optaram por focar na carreira, outras na maternidade, ainda outras, assim como eu, conciliam com maestria ambas as coisas. E também há as que são donas de casa e está tudo certo. Não há problema algum em ser dona de casa ou exercer uma profissão considerada tipicamente feminina, como professora ou enfermeira, por exemplo. O problema mesmo é não ter escolha. Não ter a outra opção de escolha pelo fato de ser mulher. Questões como gênero, cor da pele ou classe social não podem decretar o destino de ninguém.

Qual a sugestão para as mulheres que querem se dedicar cada vez mais à vida profissional?

Na verdade, minha sugestão é para todas as mulheres: Sejam donas de si, líderes de si mesmas. Façam suas opções e escolhas e, exijam respeito a suas vontades. Ratifico, que o fato de ser mulher não pode decretar o destino de alguém. Em relação às mulheres que querem se dedicar à vida profissional: Ainda que em nossa jornada as dificuldades sejam dobradas e se você for mulher, negra e de origem humilde como eu, as dificuldades são exponenciais, elas não são intransponíveis. Então, se eu posso deixar uma recomendação às mulheres é que estudem. Sejam lifelong learner, mas além de estudar as teorias, coloque-as em prática, pois o conhecimento só faz sentido quando é colocado em ação. Autoconhecimento é a mãe do conhecimento. Se permita aprender continuamente. Eleja uma mentora ainda que informal. Cerque-se de mulheres que você admira. Acredito no poder da sororidade e tenho convicção que “o caminho para o crescimento feminino é traçado em conjunto”.


Acompanhe Dirlene Silva nas redes sociais:
www.linkedin.com/in/dirlenesilva
www.instagram.com/dirlene.economista

Interações e relações entre Economia e Sociedade

Luiz ZagoLuiz Henrique Zago Gaston

Economista da Diretoria de Tarifas e Estudos Econômicos da
Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs),
Mestre em Economia Aplicada PPGE/UFRGS, Conselheiro do Corecon-RS

 

 

 

Qual a importância da sua atividade para a sociedade?
Considerando todas as atividades que realizei ao longo de minha vida profissional e que desenvolvo atualmente, não tenho dúvidas de que se tratam de ações e iniciativas de grande importância para o crescimento econômico do nosso estado e o desenvolvimento cada vez maior de nossa sociedade.

Quais os principais requisitos exigidos para o exercício dessa atividade?
O mais importante de tudo é a qualificação e atualização constantes do profissional da Economia, sempre em sintonia com os novos desafios que se apresentam diariamente.

De que forma os interessados em iniciar esse tipo de trabalho podem ir se preparando para fazê-lo?
Curiosidade e proatividade são qualificações básicas para o crescimento profissional em qualquer ramo de atividade. E nessa área é muito importante a busca constante do aprendizado sobre as interações e relações entre Economia e sociedade. Ou seja, ler, estudar e aprender muito sobre Economia e as diversas áreas transversais que complementam a formação.


Os cursos de Economia conseguem, por si só, transmitir ao futuro profissional formação para atuação nesse mercado?
Penso que, de uma forma geral, os cursos de Economia no Brasil preparam excelentemente o aluno para o seu encaminhamento profissional, através de uma formação teórica sólida, que será fundamental para o desempenho de sua profissão logo ali na frente. Eles fornecem as bases e servem como ponto de partida para a qualificação profissional. Evidentemente, que a consolidação dessa caminhada de sucesso vai depender do esforço e vontade de cada um, ao não medir esforços pela busca da excelência.


Quais as dicas que darias para os estudantes e profissionais que querem entrar nessa área?
É muito importante sempre estar atento aos fundamentos oferecidos na Academia, nas áreas da Microeconomia, Macroeconomia, Estatística, Matemática e História Econômica, aprofundando e ampliando cada vez mais os conhecimentos, sem, entretanto, deixar de buscar as áreas transversais ao conhecimento econômico. Também considero muito importante a busca permanente de uma visão sistêmica da sociedade.

O Economista e a resposta à sociedade

João Carlos Medeiros Madail
Economista, Pesquisador Aposentado da Embrapa,
Professor Universitário, Conselheiro do Corecon-RS
Corecon-RS Nº 3356

 

Qual a importância da sua atividade para a sociedade?

A atividade econômica movimenta, diariamente, as pessoas, as instituições e o país. Por isso, demanda interesse de todos sobre os cenários econômico-financeiros presentes e futuros. E os profissionais capacitados, para darem respostas aos questionamentos da mídia, sobre temas econômicos, são os Economistas. Eu tenho me mantido atualizado para dar opiniões técnicas oriundas de entrevistas e debates em rádios, jornais, lives e palestras, quando convidado. A minha formação, aliada à experiência de 35 anos como pesquisador e de 20 anos como Professor, Mestre em Economia Rural (UFRGS), com cursos de especialização na área agrícola e empresarial no país e no exterior (ICRA-Holanda), tem me assegurado a seqüência de inúmeros convites. Atualmente como Diretor da Associação Comercial de Pelotas e do Corede-Sul, com uma coluna semanal no Diário Popular de Pelotas, tenho atuado como colaborador nos temas econômicos.

Quais os principais requisitos exigidos para o exercício dessa atividade?

Os principais requisitos são, evidentemente, a graduação em Ciências Econômicas, com a seqüência dos estudos no pós graduação em todos os níveis possíveis, concentrando numa determinada área de interesse, seja agrícola, empresarial, financeira e outras.

Como os estudantes dos Cursos de Economia e, mesmo, recém graduados, que tenham interesse, podem ir se preparando para direcionar suas atividades para esse tipo de trabalho?

O estudo da economia é fascinante, pois está presente no nosso dia a dia, seja na organização do orçamento familiar, nas empresas, públicas ou privadas, nas cooperativas e nas políticas públicas que mereçam avaliações de viabilidade econômico-financeiras. O campo da economia é grande com várias oportunidades. Mas é necessário estar próximo dessas oportunidades, via estágios, participando de debates, reuniões, congressos e tudo relacionado ao tema.

Até que ponto os cursos de Economia conseguem, por si só, transmitir formação para atuação nesse mercado?

Os cursos de Economia, em geral, são bastante teóricos, o que requer que os alunos não se acomodem e busquem a praticidade do que é transmitido. Ao ingressar no curso, aconselha-se buscar estágios ou aproximação com profissionais, o que facilitará associar à teoria a prática. Como Economia e Política estão muitos próximos, mesmo que a economia dependa de certa forma, da política, há que subtrair ideologias políticas que existem e são transmitidas por determinados professores, e buscar concentração nas questões técnicas, que garantirão credibilidade ao profissional.

Quais as orientações que daria para os estudantes e profissionais que querem entrar nessa área?

Entendo como imprescindível os estágios profissionais no decorrer do curso. Quando você consegue entender na prática o que lhe estão transmitindo em aula, por exemplo, nas disciplinas de microeconomia, que estuda problemas de alocação de recursos escassos em relação aos objetivos da empresa, ou na macroeconomia ou análise das questões do sistema econômico de determinada região ou país, fica mais claro o entendimento e o interesse pela profissão. Como pesquisador e professor de Economia, contribuí para a formação de vários economistas interessados em atuar na área agrícola, conduzindo-os, após os estágios para cursos de pós-graduação em todos os níveis. Ser Economista é detectar tendências na atividade econômica e contribuir, nas formas possíveis, para a confiança na atividade econômica em todos os níveis.

A Universidade e os desafios na gestão acadêmica

Ezequiel Insaurriaga Megiato

Economista, Pró-Reitor Acadêmico
da Universidade Católica de Pelotas (UCPel),
Presidente da Associação dos Economistas
da Zona Sul do Estado do RS (Aeconsul)
Corecon-RS Nº 8095

 




Qual a responsabilidade da Pró-Reitoria Acadêmica?


A Pró-Reitoria Acadêmica é responsável por direcionar e planejar, estrategicamente, a área acadêmica e pedagógica da Universidade.

Quais as principais metas a serem atingidas?

Queremos ser, enquanto Universidade Comunitária, uma instituição cada vez mais inovadora, atenta aos problemas do local/região onde estamos inseridos, contribuindo para soluções a partir do ensino, da pesquisa e da extensão.

Quais os desafios pela frente?

A educação vive uma intensa transformação em nível global, algo jamais visto. A pandemia, de alguma forma, acentuou essa transformação ainda mais. Essas mudanças atingem, ao fim, as profissões, o mundo do trabalho, etc. Assim, a Universidade deverá estar à frente, atualizando-se e, mais do que isso, propondo os caminhos que a nova economia demanda.

O que significa para um professor de carreira ser galgado a um cargo de Pró-Reitor?

Em nossa Universidade essa é a praxe, e isso, sem dúvida, é muito gratificante. Essa é uma das tantas ações que a UCPel vem adotando sob a liderança extraordinária do nosso Reitor, Dr José Carlos Pereira Bachettini Jr, que, ainda em 2012, instituiu um planejamento estratégico olhando para os próximos 20 anos e, preconizando, assim, a valorização do corpo docente e administrativo, com vistas a termos uma Universidade reconhecida, inspirada na mensagem de Cristo, formadora de profissionais éticos e que, ao fim e ao cabo, contribua para o desenvolvimento pleno - social, ambiental e econômico da nossa região.

 

Página 8 de 74