Venezuela: setor produtivo desmantelado

sary levy carciente

 

 

Sary Levy Carciente
Economista, professora da Facultad de Ciencias Económicas y Sociales/Universidad Central de Venezuela (UCV)

 


Como está hoje a situação na Venezuela?
A situação venezuelana neste momento está bastante crítica, agravada pela combinação de diferentes fatores e com grandes dimensões. Tratam-se de sérios problemas, tanto no plano econômico, político, social, do ponto de vista tecnológico, enfim. A Venezuela está mergulhada num clima de recessão, corrupção, com um alto déficit público e inflação. Hoje, 80% da população encontra-se no grau de pobreza, o salário mínimo, em torno de 19 mil bolívares, e a inflação a quase 800% ao ano.

Como a senhora vê a capacidade produtiva da Venezuela, em setores importantes como indústria e agricultura?
No plano econômico, de uma forma geral, o setor produtivo está praticamente desmantelado, com muito poucas indústrias que estão conseguindo sobreviver. As cadeias produtivas demostram um alto nível de estrangulamento de suas produções, sem recursos, com problemas de energia elétrica ou de pessoal. Enfim, inúmeros problemas. Há momentos em que não se consegue compreender a lógica do setor público, quando se poderia produzir, pelo menos, farinha, que é um bem tão essencial ao povo venezuelano. De qualquer forma, espera-se, acima de tudo, que toda essa conjuntura deixe de ser um problema e passe a ser uma oportunidade em busca do resgate da economia venezuelana. Para isso, tem que haver uma mudança de enfoque, em que o setor privado não seja mais considerado um inimigo, mas um aliado na busca da construção do desenvolvimento do País.

Onde inicou o problema?
Essa situação venezuelana de hoje é resultado de um projeto que se auto define Socialismo do Século 21, que iniciou em 1999, e que vai se transformando ao longo do tempo. De uma fase, que nasceu como uma terceira via, passa a um sistema com forte presença do setor público na economia, e logo se apresenta como socialista até chegar à fase comunal, em 2013, quando a economia começa a manifestar de forma muito clara um conjunto muito forte de restrições. Isso, nos faz concluir que o modelo está fracassado em seus objetivos, por não atender as necessidades básicas materiais da população, assim como, também, as necessidades de liberdade política e de satisfação social.

Qual a saída?
A saída tem que passar por um processo que se gere a partir da união de toda a população venezuelana. Obviamente implica uma mudança profunda no modelo de produção, tanto política como econômica, na qual a democracia e a liberdade passem a ser fundamentais, com impactos no desenvolvimento da capacidade de busca da liberdade dos cidadãos. Um projeto ao qual o governo, como administrador do Estado, se dedique a favorecer políticas que promova oportunidades para que os cidadãos se desenvolvam abertamente.

Esse caminho pode ser alcançado ainda neste governo?
Lamentavelmente este governo não tem querido ouvir o clamor popular. E pode-se ver, como uma alternativa própria de conserto constitucional venezuelano, que a Venezuela se encaminha, neste momento, para um referendo revocatório que permitiria, de uma forma pacifica, constitucional e eleitoral, sair do atual governo e buscar um outro que permita, primeiro a estabilidade econômica e política, e, logo, favorecer o crescimento e a inclusão.

A senhora vê semelhanças entre os governos chaves e lula, quando, em determinado momento, teriam deixado de aproveitar a popularidade interna e os bons resultados da economia, para fazerem reformas necessárias em seus países?
Ambos os governos manifestam cercanias ideológicas em algum momento, inclusive, perspectivas sobre a forma de desenvolver a sociedade. Mas, definitivamente, eu não me atreveria a dizer que sejam iguais. Até porque o fracasso econômico venezuelano não está presente em seus mesmos níveis, no Brasil. Possuem semelhanças ideológicas, mas também têm uma referência fundamental, que é a presença do setor privado na economia que está no Brasil e que permite seu funcionamento assim como o funcionamento de uma institucionalidade que hoje permite à população revisar feitos do passado sem que por eles se gerem conflitos violentos na sociedade.

Redução do desemprego: recuperação ou sazonalidade?

Iracema Branco

 

Iracema Keila Castelo Branco
Economista, pesquisadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMPA/FEE
Corecon/RS n° 6953

 

Como estão os números do desemprego, no mês de maio, na Região Metropolitana de Porto Alegre?
Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre, para o mês de maio, constatam uma leve redução da taxa de desemprego, de 10,5% para 10,2% da população economicamente ativa. O número total de desempregados foi estimado em 195 mil pessoas, três mil a menos que o mês anterior. Na verdade, já é o segundo mês que temos essa tendência. No mês de abril, interpretamos como relativa estabilidade na taxa de desemprego porque saímos de 10,7% para 10,5%. O resultado desse mês aconteceu em função do acréscimo de 2,1% do nível ocupacional, com o aumento de 35 mil pessoas. É o segundo mês que temos também um resultado positivo no nível da ocupação, que apresentou crescimento generalizado em todas as atividades.

Pode-se dizer que o pior já passou?
Entendemos que ainda é cedo para afirmar que o pior já tenha passado. Os nossos dados históricos mostram que o segundo semestre é o melhor período, onde as taxas de desemprego geralmente reduzem e as taxas de ocupação normalmente aumentam. Porém, desde 2015, com o agravamento da situação econômica e a recessão, deu-se exatamente no segundo semestre e foi onde nós tivemos quedas muito expressivas no nível da ocupação. Então, por isso ainda temos bastante cautela para a firmar que o pior já tenha realmente passado ou que estaríamos no início de uma retomada de quedas do desemprego. Outro fator também que nos leva a ter mais cautela é que, quando analisamos a queda, o nível de ocupação de maio de 2016 em relação a maio de 2015, temos ainda uma retração do nível da ocupação de 4,8%. Essa é a maior retração do nível de ocupação para o mês de maio de toda a nossa serie histórica.

O que isso representa?
Isso quer dizer que temos quantidade de pessoas ocupadas em maio deste ano, 4,8% a menos do que no mesmo período do ano passado, sendo essa a maior retração para os meses de maio desde 1992.

Mas não é uma questão de base comparativa elevada do ano passado?
O nível ocupacional está em queda desde janeiro de 2014, média de 2% ao mês em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos primeiros meses de 2015 observa-se certa estabilidade e até crescimento no número de ocupados em maio, junho e julho, e a partir daí, sim, com o agravamento da crise política e da recessão econômica, passamos a ter retração na ocupação de forma bem mais acentuada. Nós chegamos, em fevereiro de 2016, com retração de 8,8% no contingente de ocupados em relação a fevereiro de 2015. Temos um patamar de 4,8% em maio, mas, como falamos anteriormente, esta ainda é a maior retração para esse período. Então, ainda estamos com uma base muito negativa, o que nos alerta para termos um pouco mais de cautela.

E como estão os níveis de renda?
É outro fator que entendemos como relevante no mercado de trabalho e para a economia como um todo. Os níveis de renda continuam numa retração muito forte em termos reais, tanto o rendimento dos ocupados, que já reduziu 6,8% em um ano, como o dos assalariados, que acumulam perda de 9,8% em um ano. E quando olhamos a massa salarial real, calculada pelo salário médio real multiplicado pelo total de assalariados, percebe-se uma redução de 16,8% em abril de 2016, comparando com abril de 2015, que é muito forte. Tendo-se como base que, nosso último ciclo de crescimento da economia foi um ciclo baseado no consumo, com uma redução de renda e da massa salarial dessa magnitude, fica muito difícil imaginar que teríamos uma retomada de consumo, portanto algum estímulo à atividade econômica baseada nisso. Nesse momento, o que se pode dizer é que temos dois meses de estabilidade no desemprego e de crescimento da ocupação. Se isso vai se manter e de fato levar a uma reversão do quadro com redução da taxa de desemprego, o que seria algo muito positivo, ainda é muito cedo para afirmar.

Quais setores se destacaram nesses últimos meses?
Tivemos todos os setores com esse movimento. Comparando com abril, a indústria apresentou aumento da ocupação, com 12 mil novos empregos. Da mesma forma, serviços com 12 mil, construção com seis mil e comercio com quatro mil novos postos. Se olharmos uma perspectiva no ano, comparando maio de 2016 com o mesmo período do ano passado, percebe-se ainda uma redução do nível de ocupação em 86 mil postos de trabalho, sendo 38 mil no serviços e 29 mil na indústria. Apenas a construção teve resultado positivo de nove mil, o equivalente a 5,2%, sendo que mais da metade desse incremento são pessoas que estão trabalhando por conta própria diante da redução das oportunidades de trabalho com carteira assinada.

E a indústria de transformação tem mostrado alguma reação?
Esse último dado mostrou um crescimento de 12 mil pessoas ocupadas na indústria de transformação, representando um aumento de 4,5%. O que os dados dos últimos anos indicam é que a indústria tem sido um dos setores mais afetados com a crise, com redução do número de ocupados e a forte queda dos salários. Apesar do aumento dos ocupados em maio, ainda estamos 10,4% abaixo do contingente de trabalhadores em maio de 2015 e 16,6% abaixo do número de maio de 2014. Além disso, o salário médio real da indústria está em queda desde setembro de 2014, comparando abril de 2016 com abril de 2015, a indústria registrou redução de 14,5% e foi o setor com a maior perda salarial nesse período.

E esse comportamento observado nos dados da região metropolitana de porto alegre também se observa nos dados das outras capitais?
Das regiões da PED, a Região Metropolitana de Porto Alegre é a que apresenta a menor taxa de desemprego, seguida por Fortaleza, que é de 12,9%, a de São Paulo, de 17,6%, a do Distrito Federal, de 18,9%, e a de Salvador, que é a taxa mais elevada, de 23,7%. Tiveram alguns meses, no final do ano passado, em que perdemos para Fortaleza.

Primeiras medidas econômicas do governo Temer

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Paulo Costa Fuchs

Economista, sócio-diretor da FAAST Consultoria inteligente,
vice-presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
Corecon/RS nº 7783


Como você está vendo a economia do governo interino de Michel Temer?
Eu, particularmente, costumo ter certa reserva com todos os planos políticos, mas se percebe, nas primeiras medidas econômicas do governo Temer, uma sinalização com vontade de mudar em relação aos parâmetros que estávamos vivenciando até pouco tempo. Pode-se destacar, como principal ponto, basicamente a honestidade em relação às contas públicas. Ao assumir o governo, a nova equipe econômica já abriu os números. Não aqueles números que todos no mercado já sabiam que eram fantasiosos, da cabeça do Guido Mantega, de Nelson Barbosa, ou, mesmo, de Dilma Rousseff. Essa diferença já é muito positiva. Agora, se o novo governo vai realizar as reformas necessárias, de modo a fazer com que o País entre novamente num novo ciclo de desenvolvimento sustentável, tenho algumas reservas. Não tenho certeza se será possível.

E como estão as expectativas do empresariado em relação a esse novo cenário?
Tem muita gente esperançosa com o governo, mais devido ao pessimismo do passado. Até porque, diante daquele cenário, qualquer mudança trás novas expectativas e perspectivas de melhorias, especialmente o empresário que está criando riqueza, está gerando empregos e se ele fosse um pessimista jamais teria aberto sua empresa. É que o empresariado, por natureza, geralmente tem uma visão mais otimista do cenário. Então nessa transição, depois de algumas demonstrações do presidente interino, o empresariado ficou mais satisfeito e mais confiante. Só que, neste momento, não adianta apenas mostrar que o déficit está aí. Tem que resolver. Eu, como empresário, ainda estou bem receoso e temos que esperar algum resultado mais concreto, confiável, para, aí sim, começarmos a acreditar em qualquer medida governamental.

A dívida pública é o nosso principal problema hoje?
É a dívida pública, mas principalmente a descrença nacional e internacional com o modelo de estado que estávamos vivenciando até pouco tempo e, também, ao longo de muitos anos. Trata-se de um modelo, que é o estado atribuindo muitas funções a si mesmo, acreditando que resolveria problemas e gerando, com isso, uma sequência de problemas não intencionados. Exemplo disso é o BNDES, cuja intenção é muito positiva, ao buscar ajudar no barateamento o custo do empresariado no momento do investimento, e o resultado disso foi na verdade inflação alta e um mega desperdício de recursos em empresas que seriam financiadas no mercado. Então o empresariado está olhando esse cenário. Quer ver algum resultado que valha à pena se movimentar. Hoje, o principal problema do Brasil é a sinalização de qualquer realização positiva por parte do governo, mostrando que vai mudar e fazer reformas para o empresariado voltar a acreditar e a investir, e a economia, com isso, sair da depressão que ela se encontra.

Onde iniciou o problema nas gestões anteriores?
Foi especificamente na segunda gestão do governo Lula, quando houve a crise internacional. No primeiro mandato, Lula manteve diversos fundamentos corretos da era FHC. Promoveu algumas pequenas mudanças, mas não fez as reformas necessárias, como tributária, previdenciária e trabalhista. O País surfou uma onda de crescimento, devido à alta das commodities internacionais, cujos preços estavam em alta histórica, em função da China. E o Brasil, que vende muitas commodities, se aproveitou disso. Teve um momento de riqueza momentânea e, ao invés de se aproveitar dessa riqueza e promover as reformas, o governo Lula resolveu gastar todos esses recursos, endividando o País e mudando o padrão de desenvolvimento que estávamos vivenciando. Padrão este baseado num sistema de governança com respeito ao orçamento, onde se gasta menos do que se arrecada, enfim, fundamentos básicos para uma economia moderna. Ele inverteu esse processo sob o argumento de que o estado era o indutor do crescimento. Foi o caso do segundo mandato do governo Lula, assim como os governos Dilma 1 e 2. Dilma inclusive pode ser chamada de “Geisel 2”, já que ela se utilizou do mesmo modelo nacional desenvolvimentista que vimos muito bem ao longo da ditadura militar e que foi um fracasso retumbante. Basicamente, foi essa guinada de modelo, de um contexto onde o estado estava gradualmente diminuindo sua interferência na economia, para o retorno do intervencionismo, com o BNDES (campeões nacionais), mudança nas alíquotas de energia, o retorno do descontrole inflacionário, PAC, Minha Casa Minha Vida e vários outros programas que saíram da cabeça dos planejadores centrais e não do mercado. E deu no que deu.

Economia da Saúde e o mercado de trabalho para Economista


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Giácomo Balbinotto Neto
Economista, professor da UFRGS, pesquisador do IATS
Corecon/RS nº 4815

 

 

O que é Economia da Saúde?
Trata-se de um campo de conhecimento relativamente novo dentro da teoria econômica, tendo como origem a publicação do artigo de Kenneth Arrow, em 1963. É voltado para o desenvolvimento e uso de ferramentas de economia na análise, formulação e implementação das políticas da saúde, com atuação no desenvolvimento de metodologias relacionadas ao financiamento do sistema, a mecanismos de alocação de recursos, à apuração de custos, à avaliação tecnológica, entre outros. A economia da saúde busca o aumento da eficiência no uso dos recursos públicos e a eqüidade na distribuição dos benefícios da saúde por ele propiciados.


Como está o Brasil e o Rio Grande do Sul no desenvolvimento de projetos ligados à economia da saúde?
No ano de 2014, o setor brasileiro da saúde consumiu recursos da ordem de R$ 557 bilhões, o equivalente a cerca de 10,1% do PIB nacional. O Brasil é o quinto maior mercado consumidor de medicamentos, o que nos dá uma ideia da dimensão de sua estrutura na economia brasileira. Do ponto de vista acadêmico, o Brasil e o RS ainda estão engatinhando. Aqui no RS, temos grupos de estudos na PUCRS e na UFRGS. Temos um instituto de tecnologias em saúde, onde congrega não apenas economistas, mas epidemiologistas, médicos, matemáticos e outras áreas, que é um centro de referência nacional, onde mais se produz na área da economia da saúde. Entre as 20 maiores instituições gaúchas, em termos de faturamento, estão o Hospital Conceição e o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, e onde se encontra mais formação em medicina, como os hospitais São Lucas, da PUC, ou, mesmo, o Hospital Mãe de Deus. Também temos um centro de excelência na área de transplantes, como a Santa Casa de Misericórdia.


Por que o estudo da economia da saúde tem se tornado uma disciplina importante e interessante para os economistas?
Por três razões: pelas dimensões da contribuição do setor para a economia como um todo, especialmente pelo tamanho do seu PIB; pelas preocupações com as políticas de saúde, como hospitais, financiamento, vacinação, preço de medicamentos, seguro, etc; e pelo número de problemas de saúde dotados de um elemento econômico substancial, que é a remuneração de médicos, viabilidade econômica de hospitais, filas de transplantes, regulação econômica do setor, planos de saúde, prática médica, equidade, acesso, seguro social, entre outros. Além disso, ele tem se constituído num ramo progressivo, tanto do ponto de vista teórico como empírico.


De que forma o economista, com seu conhecimento, pode atuar nessa área?
Os economistas têm desenvolvido instrumentos de análise econômica, que buscam dar conta de especificidades de sua formação, como técnicas econométricas, para lidar com dados de saúde. Isso faz de um economista da saúde um profissional importante e requisitado. Se perguntarmos a qualquer cidadão comum, por exemplo, o que lhe vem à cabeça quando falamos de Sistema Único da Saúde (SUS), ele já pensa em fila, mal utilização de recursos, mal atendimento, e é justamente aí que entra o economista. Não é nosso objetivo primordial a redução do custo. É nossa meta a melhor alocação desses recursos, que são escassos, para obter melhor desempenho. E aí passa por outras questões, como financiamento da saúde, como pagamos a conta que está crescendo, a população está envelhecendo e está passando por uma transição epidemiológica, o que é premente na questão do financiamento. Também, a formação dos recursos humanos, com o extenso período para a formação de um médico ou, mesmo, para construir um hospital, cujos investimentos também são extremamente elevados. Aí é que entra o economista, no sentido de viabilizar essa parte de recursos, de finanças públicas, que é extremamente importante como deve ser alocado. Também, todo o contexto que envolve a produção e distribuição de medicamentos, de seguro saúde, de alocação de recursos. O campo de atuação do economista é muito grande e crescente nessa área.


Por que a farmacoeconomia é considerada uma das profissões em maior ascensão?
Esta nova disciplina avalia o valor global dos produtos farmacêuticos, abordando os aspectos clínicos, econômicos e humanísticos das intervenções de cuidados à saúde, aplicados à prevenção, diagnóstico, tratamento e gerenciamento de doenças. A farmacoenonmia envolve avaliação e direcionamento de investimentos baseados numa distribuição mais racional de recursos, permitindo aos profissionais conciliar necessidades terapêuticas com possibilidade de custeio individual das empresas provedoras de serviço do sistema de saúde. Com base nisso, algumas revistas, quando abordam as profissões do futuro, têm apontado a farmacoeconomia como uma delas. É uma mescla profissional de formação farmacêutica e economia, que vem tendo uma demanda crescente, até mesmo em função de que todo e qualquer medicamento tem que passar pela análise da Associação Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Necessita de um laudo de impacto econômico, um laudo fármaco-orçamentário, e isso o economista está capacitado para fazer, através do entrelaçamento com outros profissionais, como epidemiologistas, estatísticos, matemáticos, farmacêuticos, médicos, enfermeiros, enfim. Devemos trabalhar em grupo para que possamos proporcionar melhores respostas a essas necessidades, que são cada vez mais prementes numa sociedade que almeja maior qualidade de vida e saúde.

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