Economia Brasileira, o que deu errado?

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Laura Barbosa de Carvalho
Economista, Doutora New School for Social Research (New York), professora FEA/USP


O Brasil vinha experimentando índices ascendentes de crescimento econômico até o ano de 2010. Onde começaram as mudanças desse cenário?
A economia brasileira começou a apresentar problemas no primeiro governo Dilma, mais especificamente a partir de 2011, quando a aposta numa recuperação do investimento pela redução das taxas de juros e pela desvalorização da taxa de câmbio, além de se tornar completamente incompatível com o cenário mundial, quando as exportações em função da crise europeia começaram a cair. Naquele momento, essas iniciativas também não eram compatíveis com o cenário doméstico, que já apresentava uma desaceleração dos investimentos públicos. Ali, a estratégia de recuperação de investimentos não deu certo e, pior, pôs fim a um período que vinha bem, de expansão do mercado interno, com investimento público, com distribuição de renda, com consumo e investimento crescendo, inclusive com o investimento crescendo mais que o consumo. O que se vê a partir daí são várias tentativas de remendar esse primeiro erro, que também não deram certo, gerando, então, desonerações fiscais com deterioração das contas públicas e, mais tarde, no segundo governo Dilma, uma estratégia pior ainda de ajuste fiscal contracionista, que acaba agravando a crise.

O câmbio foi o vilão?
O câmbio tem um papel duplo. No curto prazo, ocupa uma função muito negativa porque acelera a inflação, desacelera o consumo, o crescimento dos salários no momento em que se desvaloriza, além de gerar insatisfações populares. Por outro lado, apreciar demais o câmbio também é um problema porque a indústria acaba perdendo competitividade. É interessante lembrar uma afirmativa do economista argentino Roberto Frenkel, que diz que a melhor forma de não ter que desvalorizar o câmbio é não deixar ele apreciar demais. E foi o que aconteceu nos anos 2000. Apreciou-se demais e, depois, apressou-se para corrigir a trajetória, o que acabou gerando um agravamento do problema no curto prazo, e nós ainda não esperamos para colher os frutos do longo prazo.

Quais as perspectivas do governo interino de Michel Temer?
Esse novo governo na área econômica é um grande ponto de interrogação, no sentido de que afirma que fará um ajuste fiscal muito grande, mas, na prática, o que se vê é que o ajuste fiscal maior já foi feito no último ano. O anúncio já foi de uma meta fiscal maior do que o que estava sendo feito no governo Dilma e a intenção é cortar alguns programas - que têm efeito na elevação da geração de emprego - ou, ainda, o fato de não estar na agenda, por exemplo, o aumento de impostos progressivos ou acabar com as desonerações. No resultado, o cenário fiscal não vai melhorar porque não será mais contracionista do que já era, e também não será expansionista a ponto de retomar a economia. Com isso, resta saber o quanto eles conseguirão passar dessas reformas estruturais, dado que se trata de um governo ilegítimo e que não conta com o apoio ou popularidade suficiente para fazer reformas no meio de uma crise

E, nesse contexto, a reforma da Previdência tem chances de sair do papel?
Acredito que saia, o que contrasta bastante com o caráter interino e ilegítimo desse governo.

Impactos da crise na região de Passo Fundo

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Julcemar Bruno Zilli
Economista, Coordenador do Curso de Ciências Econômicas UPF
Corecon/RS nº 7452

 

Quais as principais características da economia da região de Passo Fundo?

A região está baseada em três grandes pilares, o agronegócio, serviços de saúde e serviços educacionais. O agronegócio tem um papel importante no desenvolvimento socioeconômico, já que gera renda para alimentar os demais setores econômicos do entorno. O setor de serviços conta com hospitais de referência, em diversas especialidades, inclusive em questões de alta complexibilidade, atraindo pacientes de várias regiões do Brasil. Os serviços de educação atendem mais de 30 mil alunos de toda a região, gerando renda nos setores de imóveis, transporte, alimentação, dentre outros.

 

Que setores da economia têm se destacado?

O setor do agronegócio tem apresentado comportamento preponderante na região de Passo Fundo, principalmente, pela produção agrícola da soja e milho, que conseguiram elevar suas taxas de rentabilidade. A partir disso, os produtores, ficando capitalizados, mantiveram atualizados os seus parques de máquinas e implementos, mantendo relativamente aquecido o setor industrial de máquinas e equipamentos agrícolas.

 

Como estão os indicadores como PIB, PIB per capita e desemprego?

O comportamento do PIB de Passo Fundo, entre 2010 e 2013, apresentou crescimento de 83,7% em termos nominais, passando de R$ 3,9 bilhões em 2010 para R$ 7,2 bilhões em 2013. O PIB per capita para 2013 foi de R$ 36.928,92, que, comparado com a renda per capita do Estado, de R$ 29.657,28, mostra-se 24,5% superior à média estadual. Esse comportamento da produção foi proporcionado basicamente pelos bons resultados obtidos no setor agropecuário, de serviços de saúde e educacionais, que aquecerem a economia regional, associado à instalação de indústrias transformadoras, que geraram renda e desenvolvimento econômico para a região. Prova disso são os indicadores de desenvolvimento econômico disponibilizados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). As condições socioeconômicas apresentam melhorias ao longo do período de 2010 a 2013. O Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) apresentou um salto de 0,728 para 0,771, demonstrando a evolução do desenvolvimento econômico da cidade, comparado com o IDESE do estado, que foi de 0,747 em 2013. Analisando especificamente as questões relacionadas à educação, notamos que o IDESE da educação passou de 0,659, em 2010, para 0,694, em 2013, apresentando evolução notada nas condições educacionais do munícipio. Esses dados demonstram a pujança da cidade de Passo Fundo. Obviamente, os dados atualizados ainda não estão disponíveis e, com isso, não podemos tecer afirmações sobre o efeito que a crise está gerando nos indicadores do munícipio.

 

Quais os reflexos da crise econômica do País e do Estado sobre a economia local?

Os principais reflexos, até o presente momento, estão relacionados à redução no volume de Financiamento Estudantil (FIES) repassado às Instituições de Ensino da região, que acabou gerando uma redução significativa da procura pela graduação e, consecutivamente, afetando todos os setores ligados a prestação de serviço aos alunos, como o imobiliário, alimentação, transporte, entre outros, que vêm reduzindo seu tamanho para se adaptar a essa nova realidade. Além disso, o setor imobiliário, com a redução nos incentivos de crédito, tem apresentado comportamento de estabilização dos seus preços e uma redução no número de imóveis sendo construídos. Os preços dos aluguéis, pela baixa procura dos imóveis voltados para estudantes, têm apresentado ajuste para baixo nos seus preços. O setor de lojas e prestação de serviços tem apresentado redução, inclusive com vários estabelecimentos tradicionais tendo que encerrar suas atividades, gerando demissões e, consequentemente, elevação na taxa de desemprego. Entretanto, destaca-se que esse momento de crise também é um momento em que o espírito empreendedor aflora nas pessoas e vários negócios são criados, principalmente por aquelas pessoas que foram demitidas. Assim, as crises são períodos em que as empresas e os empreendedores precisam ajustar suas gestões para que possam surgir ou sobreviver e despontar nos bons momentos econômicos.

Previdência, uma trajetória explosiva

 

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Milton André Stella
Economista, Coordenador Curso de Ciências Econômicas PUCRS
Corecon/RS nº 6663

 


O Brasil vive um momento dramático nas suas finanças públicas, tanto em nível federal quanto em nível estadual. Quais as principais razões dessa situação?

Este ano de 2016 será o terceiro ano de déficit primário consecutivo do setor público federal, o que é algo preocupante, na medida em que são déficits crescentes e, portanto, se acende uma luz amarela. Aliás, o debate político central ao longo de todo o ano passado e, também, deste ano, já vem ocorrendo sobre a necessidade de se fazer um ajuste fiscal mais severo.

Como é que se chegou a esse ponto?

Falta de controle e políticas equivocadas. Com o tempo, foi-se criando uma série de despesas que não tinham possibilidade de serem reduzidas num cenário de depressão econômica e, agora, quando a economia começou a decrescer e teve início a queda de arrecadação, o governo não está conseguindo reverter. Não quer fazer cortes mais significativos e necessários. Hoje ele não tem capacidade de reduzir boa parte dessas despesas porque são políticas de efeitos sobre salários. O reajuste do salário mínimo, por exemplo, impacta diretamente na previdência social e isso não se pode voltar atrás.

E a causa dos déficits dos estados?

A essência do problema dos estados, que também vem se agravando, é praticamente a mesma. Todos os estados estão com suas máquinas públicas inchadas, com um contingente de pessoas se aposentando em maior volume, o que vai gerando um conjunto crescente de despesas, que não se consegue reverter. Adiciona-se a essa situação, uma economia que vem perdendo tamanho e dinamismo, com crescimento negativo nos últimos anos, provocando uma queda muito intensa de arrecadação. Tanto a União quanto nos estados, a essência de seus déficits é uma estrutura de pessoal inchada e com despesas previdenciárias muito elevadas.

Qual o déficit previdenciário federal atual?

Inicialmente, é importante destacar que o sistema previdenciário brasileiro pode ser classificado em duas categorias: Regime Geral de Previdência Social e Regimes Próprios de Previdência Social. O chamado Regime Geral atende a grande massa de aposentados (em geral trabalhadores do setor privado do meio urbano e rural). O Regime Próprio contempla grande parte dos trabalhadores do setor público (civis e militares).
Ambos os regimes são deficitários, mas possuem características muito relevantes que os distinguem. Somados os déficits dos dois regimes o valor superou os R$ 170 bilhões em 2015.

Qual o tamanho do déficit de cada uma dos regimes de aposentadoria?

No regime geral, que é a grande população dos aposentados do serviço privado, os celetistas, entre outros, em 2015 foi registrado um déficit de R$ 104 bilhões, enquanto, no ano anterior havia sido de R$ 55 bilhões, portanto, uma trajetória explosiva, já que dobra de tamanho em apenas um ano. E isso tem relação direta com a política do salario mínimo. Essa é uma previdência que atende em torno de 28 milhões de pessoas, onde se encontra a grande massa de aposentados brasileiros. No entanto, ao se olhar o regime próprio de previdência, que é o dos servidores públicos, que possuem uma carreira diferenciada, com algumas proteções legais, o déficit em 2015 foi de R$ 72,5 bilhões de reais, quase o mesmo valor do quadro do regime geral, mas que atende um universo de cerca de um milhão de pessoas. Ou seja, esta situação ainda é mais grave por tratar-se de um regime altamente concentrador de renda, já que, além de estar distribuindo um valor para um universo de pessoas bem menor que o regime geral, ainda reúne os salários mais elevados, das carreiras mais valorizadas do setor público. Só para se ter uma ideia, em 2013 o déficit per capita da previdência do regime próprio era de R$ 1,7 mil, ou seja, cada aposentado recebe, em média, esse valor do orçamento público, para fechar a conta entre o que contribuiu e o que pagou. No regime próprio da União, esse déficit per capita é de R$ 65 mil reais, ou seja, os cidadãos brasileiros, com seus tributos, financiam esse valor anualmente para cada aposentado do regime próprio. É um modelo absurdo, tão concentrador de renda e tão desigual, que não existe algo semelhante em outro lugar no mundo.

E não existem meios de estancar esse processo?

A curto prazo não. Dado esse cenário extremamente perigoso, algumas medidas foram sendo tomadas ao longo do tempo para tentar amenizar a situação. No que compete ao regime geral, as mudanças visaram aumentar a idade de aposentadoria, compatibilizando o sistema previdenciário a expectativa de vida crescente da população, ou desestimulando as aposentadorias precoces. As pessoas não podem mais se aposentar com a mesma idade que se aposentavam há 20 anos. Estender o tempo de contribuição faz sentido, na medida em que a expectativa de vida e a capacidade de trabalho estão aumentando, e, com isso, vai se conseguindo um pouco de fôlego para amenizar o problema. É importante destacar que o déficit do Regime Geral é muito afetado pelos aposentados rurais e possivelmente alguma mudança neste ponto tenha que ocorrer no futuro.
No que se refere ao regime próprio, a Emenda Constitucional Número 40, de 2003, foi uma medida extremamente importante, pois acabou com a paridade do salário do aposentado com o profissional da ativa, com a implantação do cálculo da média dos últimos vencimentos no momento da aposentadoria. Apenas em 2012 ocorreu outra mudança importante, que foi a criação do regime de previdência complementar do servidor público federal. Foram criados três fundos, um para cada poder, e, a partir daí, os servidores passaram a ter a opção de contribuir para a sua previdência complementar. Quem não contribui aposenta-se pelo teto do INSS, como qualquer trabalhador do setor privado. Foi, sem dúvida, uma mudança que, de certa forma, colocou as coisas no seu devido lugar.

Mas por que essas medidas não resolveram o problema?

Porque exigem um período de tempo para que essas medidas comecem a surtir efeito de forma que que possam ser considerados como definitivos. Serão necessários cerca de 30 anos até que essa geração que entra agora comece a se aposentar. Enquanto isso, a situação da previdência pública continua piorando. Os novos funcionários da ativa vão contribuir sob o teto do INSS, mas os aposentados continuam recebendo de acordo com seus salários antigos, pela média dos últimos anos de trabalho ou seus salários integrais, que são os casos daqueles que se aposentaram antes da Emenda Constitucional de 2012. As projeções da Secretaria de Política e Previdência Social indicam que ainda teremos um crescimento do déficit até 2040, para somente depois ter-se um decréscimo. Apenas em 2050 seria revertida efetivamente a situação de déficit da previdência, passando, assim, a ter um resultado primário superavitário.

Exportações gaúchas e cenários nada promissores

 

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Marcos Tadeu Caputi Lelis
Economista, professor da Unisinos
Corecon/RS Nº 7589

 

Quais as expectativas do cenário internacional?
Em termos de expectativa de crescimento e de renda, o cenário internacional vem passando por um processo de ajuste. No que diz respeito ao comportamento da renda, o mercado acabou sofrendo um forte ajuste nos preços das commodities, especialmente em função da desaceleração da economia chinesa, que acabou gerando toda uma reorganização do mercado de commodities, com reflexos muito fortes nas economias dos países em desenvolvimento. Estamos vendo, por exemplo, o crescimento da renda dos países latino-americanos desacelerando, a da África, e, mesmo, da Ásia, que também vem entrando num mesmo processo de desaceleração do crescimento de sua renda. Ao mesmo tempo, não se tem certeza da retomada do crescimento econômico dos EUA, ou, da Europa, com a manutenção das incertezas.

Quais as consequências desse comportamento para a economia do Rio Grande do Sul?
Como as exportações do Rio Grande do Sul são compostas por uma parcela muito grande de produtos primários — praticamente 47% da pauta em 2015 —, e, ao mesmo tempo, estamos tendo uma desaceleração da renda dos nossos vizinhos da América Latina, região demandante dos produtos industrializados do Rio Grande do Sul, não se consegue vislumbrar, de imediato, boas perspectivas para o crescimento das exportações do estado. Pelo menos, para os próximos dois anos, deveremos ter um crescimento negativo ou bem moderado. Por um efeito de preço, em função das commodities, e, também, por um efeito de renda, de nossos vizinhos aqui do Mercosul, e outros países da América do Sul. E tudo isso, em função desse processo de forte reequilíbrio de crescimento mundial.

A competitividade dos nossos produtos também pode ser levada em conta?
As duas coisas. Quando vemos que tem uma queda do preço internacional das commodities muito forte e uma queda do índice de atividade, a competitividade teria que contrabalançar esses efeitos. Só que temos uma perda de competitividade consistente, principalmente no que diz respeito à questão cambial, já que o real permaneceu valorizado durante muito tempo. Essa valorização acabou gerando uma perda de densidade exportadora. Muitas empresas, que antes exportavam, deixaram de exportar. Para retomarmos isso agora, vai demorar um tempo muito maior.

Os níveis em que se encontram a moeda americana tem sido benéficos para a economia gaúcha?
Num primeiro momento, o dólar foi a R$ 4,00, mas, agora, já se tem uma perspectiva de se manter em R$ 3,40 ou R$ 3,50, ou continuar flutuando em torno desse patamar. Mesmo assim, acredito que, nesses níveis atuais, o câmbio ainda continua ajudando os exportadores. É claro que, se chegarmos aos R$ 3,20, voltaremos a cair na armadilha da moeda sobrevalorizada e começaremos a ter sérios problemas novamente, principalmente porque, ao mesmo tempo, temos um ambiente de baixo preço das commodities e de baixo crescimento da renda. Se acontecer isso, perderemos completamente a nossa capacidade de exportar, já que as outras variáveis que poderiam ajudar, que é o crescimento da renda mundial e os preços das commodities, não apresentarão uma tendência favorável.

Existe tendência de melhora dos preços dessas commodities no mercado internacional?
Não, de imediato, nenhuma. Até 2018, certamente não teremos a oportunidade de ver uma reação dos preços das commodities no mercado internacional. É que esses preços estão muito atrelados ao crescimento da Ásia, especialmente da China, que vinha crescendo a dois dígitos até 2012 ou 2013, e entrou num processo de forte ajuste. E a perspectiva de crescimento da China, para os próximos anos, é de uma média de 5,5% a 6%. Ou seja, essa taxa ainda cairá pela metade, gerando uma nova dinâmica no mercado de commodities.

Como está vendo esse comportamento da economia gaúcha em relação aos outros estados exportadores do Brasil?
O Rio Grande do Sul apresenta uma melhora, não muito expressiva e apenas aparente. Em 2000, o estado participava com 10,5% da pauta das exportações brasileiras. Em 2010, chegou a 7,65%, e em 2015, voltou para 9,2%. Entre 2010 e 2015, parece que o Rio Grande do Sul ganhou participação, resultando um ganho competitivo. Porém, nesses números, existe um efeito muito grande do preço do petróleo, bem que não exportamos, mas que predominam nas pautas de outros estados. Trata-se de um avanço de participação por um simples efeito de queda de preços do petróleo e do minério. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo são grandes exportadores de petróleo ou minério e, quando se tem uma queda muito acentuada nos preços de petróleo ou minério, acaba caindo sua participação na pauta das exportações brasileiras. Nesse contexto, a participação do Rio Grande do Sul caiu menos porque não tem relação com esses produtos, mas com commodities agrícolas, que, embora também tenha apresentado queda, não foi tão acentuada. Então, o ganho do Rio Grande do Sul não representa um ganho de competitividade, mas um ganho de perfil da pauta ou tipo de produto que exporta.

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