Quantos municípios turísticos gaúchos atraem visitantes?

Dos 497 Municípios do Rio Grande do Sul, 371 Municípios são considerados turísticos porque atendem as exigências do Ministério do Turismo do Brasil, com trabalhos realizados entre 1994 a 2001, quando foi iniciado o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), prevendo uma abordagem comunitária participativa e a formação de Conselhos e Planos de Turismo.

Em abril de 2004, foi lançado o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, constituindo-se em uma política pública, a partir do Plano Nacional do Turismo 2003-2007, que determinou como macro programa estruturante a “Estruturação e Diversificação da Oferta Turística".

Os Municípios Turísticos Gaúchos formam 27 Regiões Turísticas. Algumas Regiões e Municípios Turísticos avançaram, principalmente com as parcerias públicas e privadas e as aceitações das Demandas Turísticas.

Observa-se que é fundamental a continuidade dos trabalhos, independentes dos Governantes, demonstrando o interesse da Comunidade, dos empreendedores e empresários locais para atingirem seus objetivos e atraírem visitantes.

A descontinuidade e a falta na promoção e divulgação dos atrativos geográficos, históricos, culturais, serviços e equipamentos prejudicam os empreendedores e empresários qualificados que não recebem visitantes.

Turismo sem Turistas? Algo está errado!

Qual o diagnóstico?

Nas minhas palestras e consultorias no interior, ouço histórias e estórias sobre empreendedores e empresários que acreditam que a Oferta determina a Procura e esquecem as indispensáveis ações nos mercados emissores para atraírem visitante. Muitos não foram alertados sobre o tema e muitos não estão preparados para captarem e manterem visitantes nos seus Munícipios, empresas e entidades.

Sempre esperam que os Governos façam algo e que é improvável, historicamente. Tanto investimento no Planejamento e total falta de investimento na Promoção adequada e inteligente. Às vezes, eventuais reportagens e algumas postagens amadoras. Ausência total da Comunicação Integrada Aplicada e do City Marketing. Esquecem que o fenômeno turístico consegue melhores resultados através da transversalidade com outras áreas e profissionalismo especializado.

Por que a Demanda Turística não reage às clássicas abordagens estratégicas que enriquecem algumas pessoas físicas e jurídicas, criando fantasias e ilusões em um mercado altamente competitivo?
 
Talvez, salvo melhor juízo, para obter melhores resultados deve-se avançar na segmentação e na busca de singularidades capazes de atraírem visitantes em raios de 100, 200, 300 km, via rodoviária e voos regionais. Se não for possível, deve-se diagnosticar alternativas viáveis e rentáveis, eliminando os sonhos impossíveis de abnegados que não conseguem entender a realidade da Economia de Mercado: quem manda é a Demanda.
 
Pode-se imaginar que dos 371 Municípios turísticos pode-se selecionar 27 Destinos Turísticos indutores.
 
Será?
 
Respeitam-se todas as opiniões contrárias. São reflexões. Podem ser úteis. Pensem nisso.
 
Artigo de autoria do economista Abdon Barretto Filho, mestre em Comunicação Social e presidente da ABF - Comunicação e Marketing, publicado no site peloscaminhosdoriogrande.com.br 

Orçamento familiar em debate para 2023

Viver é uma dádiva divina, mas do ponto de vista ecológico, sociológico ou econômico, viver tem um custo, pois pressupõe o uso de diferentes tipos de recursos, seja para produzir alimentos, vestimentas, medicamentos, moradia, instrução, lazer e tantas outras necessidades primárias ou secundárias. Como diz a frase popular que remonta as décadas de 1930 e 1940, "there is no free lunch", ou "não existe essa coisa de almoço grátis", tradução literal que expressa a ideia de que é impossível conseguir algo sem dar nada em troca.

Para muitas pessoas, sejam elas de qualquer classe social, lidar com o dinheiro representa grande dificuldade. Quando se trata de pessoa assalariada, responsável pela manutenção dos familiares com uma única fonte de renda, a dificuldade aumenta quando chegam as contas do aluguel, conta de água, de luz, fatura de cartões, boletos, mercado de alimentos e outros tantos nem sempre previsíveis. Nesse caso e em outros tantos, o importante é criar um orçamento familiar no sentido de organizar a saúde financeira e evitar percalços.

De maneira geral, o orçamento familiar nada mais é do que a organização e o controle de todas as finanças da família. Nele devem ser levadas em consideração todas as despesas da casa, assim como a renda total. Nada melhor para debater com a família a questão orçamentária no início de um novo ano. O planejamento financeiro familiar é fundamental para fazer o melhor uso do dinheiro e não enfrentar dificuldades. Entende-se que a primeira ação a ser colocada em prática é reunir a família que se beneficia diretamente do recurso que a sustenta para que compreendam a importância de criar e seguir um orçamento. Todos podem contribuir com o processo elencando objetivos e definindo metas e traçando estratégias para que o orçamento possa ser cumprido.

Para melhor organização e visualização das ações de gastos, é recomendável que se utilize aplicativos, planilhas do Excel ou, em último caso, cadernos comuns, acessíveis a todos para os registros pontuais de todo o tipo de gasto. De posse da receita advinda da principal fonte ou possíveis complementos, comparada às despesas reais, a família terá a facilidade de rever certos gastos que possam comprometer o orçamento. A primeira experiência com os registros orçamentários proporcionará à família traçar o diagnóstico das suas finanças, promovendo mudanças ou priorizando aquilo que for realmente necessário. Os itens que não possuem tanta necessidade devem ser descartados por um período, até atingir o objetivo final.

Educadores financeiros sugerem que as pessoas priorizem seu controle financeiro a partir da renda líquida que recebem e recomendam: controlar o impulso no uso do cartão de crédito; reduzir luxos, sabendo dosar gastos e aproveitando melhor os ganhos; agir de imediato, não prorrogando iniciativas para o próximo mês e deixando de usufruir da felicidade o mais rápido. Pessoas que conseguem viver dentro dos seus orçamentos são pessoas felizes, têm qualidade de vida, são seguras, conseguem planejar o futuro com entusiasmo.

Existem vários estudos sobre educação financeira disponíveis nas redes sociais ou cursos presenciais recomendados para quem tem dificuldades de lidar melhor com o dinheiro. O dinheiro não é a única possibilidade de conseguir algumas coisas, mas é a possibilidade mais viável para muitas formas de satisfação, e também a mais prática. Com dinheiro você tem a possibilidade de troca imediata por algo que possa lhe trazer realização pessoal. O dinheiro tem a capacidade de mediar a satisfação das necessidades humanas, individuais e sociais, alienadas historicamente ao sistema da apropriação individual da riqueza na sociedade moderna.

Artigo de autoria do Diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP) e ex-conselheiro do Corecon-RS, economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 29/12/22.

Ano novo com esperanças renovadas

 

As esperanças são renovadas em cada ano novo. As promessas são realizadas nas vidas pessoais e profissionais. As variáveis incontroláveis e as variáveis controláveis são diagnosticadas e os resultados dos anos anteriores são analisados, a saber: Quais as conquistas? Quais as decepções? Quais as ações e produções de bens/ou serviços que precisamos eliminar, ampliar, reduzir ou criar? Em primeiro instância, salvo melhor juízo, o verbo adaptar é a grande alternativa para sobreviver. É necessário lembrar que o passado não pode ser modificado, apenas analisado, servindo de base para compreender o presente e para evitar erros no futuro. O novo sempre vem. Às vezes pode construir, ampliar, reduzir, dividir, destruir. Na realidade, a vida é como ela é. Sem juízo de valor. Cada ação tem uma reação e a omissão precisa ser analisada para aceitá-la ou não. São permitidas análises de fatos e/ou suas versões, reconhecendo que, às vezes, não representam as realidades.

Convém salientar que nem sempre alcançamos nossos objetivos. Muitas pessoas querem alcançar o inatingível, incompatível com a possibilidade pessoal e/ou profissional. Entretanto, existem as superações dos objetivos materiais e imateriais que contribuem para a melhoria contínua da sociedade. São identificados as contribuições dos visionários, dos pesquisadores, dos criativos, dos inovadores, dos empreendedores, dos empresários, dos artistas, dos gestores, entre outros profissionais das mais diversas formações acadêmicas e dos políticos. Todos buscam melhorias contínuas para atendimentos das necessidades ilimitadas dos seres humanos.

Na vida pessoal, as escolhas podem determinar os caminhos que foram percorridos, assim como as continuações em busca da felicidade pessoal e do grupo familiar. Na vida profissional, também, as escolhas do passado determinaram as situações atuais e são indispensáveis adaptações para atingirem novos objetivos, principalmente enfrentando os desafios que se apresentam. Na economia de mercado, atender demandas e estruturar oferta visando os atingimentos dos objetivos e das metas para o ano novo são as condições para que as empresas e entidades cumpram seus papéis na sociedade. A cadeia produtiva do fenômeno turístico contribui e pode aumentar a contribuição na geração de emprego, renda, impostos e autoestima do núcleo receptor. Naturalmente, os investidores, gestores e operadores devem buscar suas responsabilidades, seus valores identificados nas suas organizações econômicas com ou sem fins lucrativos, através da Visão, Missão, buscando alternativas para contribuir para o presente e para um futuro melhor para todos. Será? Respeitam-se todas as opiniões contrárias. São reflexões. Podem ser úteis. Feliz e próspero 2023, com saúde e muitas realizações.

 Artigo de autoria do economista Abdon Barretto Filho, mestre em Comunicação Social e presidente da ABF - Comunicação e Marketing, publicado no Correio do Povo, edição de 29 de dezembro de 2020. 

Origem da desigualdade social no Brasil

Que o Brasil é um país extremamente desigual, não há qualquer dúvida, mas nunca foi pior do que se apresenta nos dias atuais. A desigualdade social representa a diferença no padrão de vida e nas condições de acesso a direitos, bens e serviços entre integrantes de uma sociedade. Pode se manifestar de diferentes formas, no âmbito econômico, escolar, profissional, de raça, gênero, orientação sexual, nacionalidade, capacidade étnica, etc.

As duas principais consequências da desigualdade social no Brasil são a pobreza e a miséria. Segundo o IBGE, em novembro de 2020 quase 52 milhões de brasileiros viviam na pobreza e a desigualdade social tem total relação com essa realidade. Não é preciso recorrer a indicadores sociais para vivenciar o crescimento da pobreza em todos os cantos do País. É certo que a pandemia concorreu para o aumento da desigualdade no primeiro trimestre de 2022 e pouco recuperou no decorrer do ano. O número de pessoas que dormem nas calçadas, vasculham lixeiras na esperança de encontrar algum alimento, portam cartazes nos cruzamentos expondo seus desesperos na esperança de ajuda, seja da forma que for, aumenta a cada dia. Nunca se viu tantos apelos nos meios de comunicação pedindo contribuições para entidades que se preocupam em amenizar a fome de milhares de compatriotas, rejeitados ou invisíveis para muitos.

A questão a ser respondida é se o Brasil sempre foi socialmente desigual. Historiadores explicam que a maneira de colonização é o que determina o que a gente é, como vive hoje e o preço que está pagando por se desenvolver com base na escravidão e na grande propriedade. Ao resgatar a história da desigualdade na América do Sul, percebe-se que no início do século 20 o nosso continente era muito parecido com a Europa, mas por lá tudo mudou com certa rapidez. Desta forma, a questão não é só entender os motivos pelos quais a América Latina continua desigual, mas os motivos pelos quais ela continua assim e o que não foi feito para mudar.

É possível que algum líder dos tantos que surgiram na América ou no Brasil não tenha pensado em alguma forma de distribuir a renda entre seus compatriotas. Entretanto, a ação se torna complicada numa sociedade em que uma grande parte da população é submissa, composta por uma desigualdade quantitativa diferente que não pode ser ignorada. Por outro lado, o que não se consegue entender é que mesmo países que, nas mesmas condições que pareciam que não mudariam, conseguiram ser diferentes em 20 anos.

É certo que a desigualdade social tem crescido entre os países desenvolvidos nos últimos 30 anos e reduziu parte do crescimento econômico, mas no Brasil a situação é dramática e não é pior em função de importantes programas de transferência de renda como o Bolsa Família que, segundo o Ipea, já eliminou 15% da pobreza e 25% da extrema pobreza entre os beneficiários e reduziu em 10% a desigualdade de renda no País. Mesmo assim, o que se constata é o aumento da favelização, desigualdade alimentar, falta de saneamento básico, ensino de baixa qualidade, menos formação, desemprego, precariedade na saúde pública e no transporte público. Enquanto isso, os 10% mais ricos no Brasil possuem quase 80% do patrimônio privado do País. A concentração de capital é ainda maior na faixa dos ultra ricos, onde 1% dos mais abastados da população possuía, em 2021, praticamente a metade (48,9%) da riqueza nacional. Nos Estados Unidos o mesmo 1% dos mais ricos detém (35%) da fortuna americana, considerado razoável.

Há um fio de esperança advindo do Banco Mundial que afirma que o momento atual é estratégico para o Brasil, passadas duas crises - a recessão econômica de 2014-2016 e a pandemia - e diante do novo ciclo de políticas públicas prometidas pelo novo governo que começa em 2023. Que sejam urgentes, pois quem tem fome não pode esperar.​

 

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 29/12/22.

O que esperar para o mercado acionário do Brasil em 2023?

Os mercados financeiros registram ao longo de sua história oscilações de altos e baixos, eventos que nunca deixarão de acontecer uma vez que fazem parte dos ciclos econômicos que acompanhamos periodicamente. Como exemplo temos o crash da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, a crise do subprime nos Estados Unidos em 2008, no qual o Ibovespa teve uma queda de 43,8% no ano e, agora, a crise decorrente da pandemia de Covid-19, com a tentativa de ajuste dos mercados globais aos efeitos na macroeconomia, como o aumento da inflação, taxa de desemprego e de juros etc.

São nessas situações em que o mercado faz suas correções nos preços dos ativos, e pode ser que os ajustes sejam tão drásticos que surgem oportunidades de reversão do mercado para compra de ativos muito desvalorizados. O investimento em ações deve-se ter como premissa básica que a aplicação seja de longo prazo, onde o tempo minimizará os efeitos da volatilidade. Neste ponto surge uma pergunta: Porque muitos investidores perdem dinheiro com suas ações e desistem do mercado? Em muitos casos, são investidores que aplicam de maneira especulativa e no curto prazo, pensando que a Bolsa de Valores é um cassino onde pode-se ganhar dinheiro rapidamente, e, na verdade, não é bem isso. Quando se investe em ações, você está sendo sócio da empresa e será beneficiado com o seu crescimento e resultados futuros. O que todo investidor deve fazer é uma boa análise da empresa em que aplicará seu dinheiro, analisar seu setor e a sua gestão corporativa, utilizando indicadores fundamentalistas e, também, uma análise qualitativa.

Veja que em duas décadas, de 2000 até 2021, o Ibovespa subiu mais de 580% contra 285% da inflação acumulada no mesmo período. Assim, por exemplo, um investidor que tivesse uma carteira com as ações que meramente acompanhassem o desempenho do Ibovespa nesse período, teria uma rentabilidade aproximada de 76,6% no ano.

Atualmente, com a crise econômica global, vemos que o índice das bolsas de valores mundiais caiu drasticamente, e o preço das ações de boas empresas sofreram ajustes além do necessário, mostrando que em 2023 pode ocorrer um processo de reversão da queda, o que abre caminho para a compra de ações muito desvalorizadas.

Tomando como base o indicador mais utilizado mundialmente que é o P/L (Preço/Lucro), e usando como parâmetro o Ibovespa, observa-se que o P/L em agosto de 2022 estava em 7 vezes, ou seja, o preço da ação representa 7 vezes o seu lucro anual. Esse é o menor número desde a crise de 2008, o que significa que o risco implícito no mercado de ações no Brasil está próximo dos maiores níveis da história.

Para exemplificar o investimento de longo prazo, tomamos como base a Petrobras-PETR4 (26/01/2016 - Preço R$ 4,21), Gerdau-GGBR4 (26/01/2016 - Preço R$3,27) e a Randon S.A-RAPT4 (15/02/2016 - Preço R$ 1,74). Estas ações, sem incluir os dividendos, tiveram de retorno, aproximadamente, os respectivos números: 487%, 862% e 392%, tendo como base a data de 09/12/2022.

Afirmar que 2023 é um bom ano para começar a investir em ações de longo prazo, é pensar que houve correções acima da média em ações de boas empresas, e que a economia global converge aos poucos para uma estabilização na taxa de juros a nível mundial, o que impactaria em uma recuperação gradual do crescimento do PIB mundial, assim como uma sinalização positiva para o mercado de ações.

Não devemos esquecer que o investimento em ações é renda variável, o que, por definição, é uma aplicação de risco, mas que pode ser minimizada com um bom planejador financeiro e através de administradores com credibilidade e competência.

 

Artigo de autoria do economista e investidor autônomo, Manoel Gil Costa Soares.

Déficit estrutural do Brasil


O Brasil possui um déficit estrutural de muito difícil solução, porque as maiores despesas estão na área social, onde carências básicas não podem deixar de ser atendidas. Para atendê-las, a Constituição vinculou para a Seguridade Social (Previdência Saúde e Assistência Social), 2/3 da arrecadação tributária, mas a União acaba despendendo 80% de toda sua receita líquida. Restam no final muito pouco recurso livre, o que conduz inexoravelmente ao déficit.

Os gastos primários (sem os juros) passaram de 13,7% do PIB em 1991 para 22,7% em 2021, com leve estabilização com o teto de gastos, mas que, em consequência, deixou de atender áreas fundamentais, como na Educação e na Saúde. A cada ano é despendido uma parcela maior do PIB, que deveria ser o limite.

E isso é reflexo de dois fatores: o PIB baixo e o excesso de gastos. O PIB cresceu apenas 2% ao ano desde 2002, e o de 2022 (se crescer 2,6% neste ano) é o mesmo de 2013. Recentemente ocorreram a grande queda, de 7% de 2015-2016 e a de 3,9% em 2020, causada pela covid.

Pelo lado dos gastos, a Constituição de 1988 criou benefícios suecos com recursos moçambicanos, na linguagem de Roberto Campos. Foram criadas regras por demais permissivas para aposentadorias e pensões, sem as contribuições correspondentes, em muitos casos.

Seguidamente, são ampliadas essas vantagens, muitas vezes para os entes federados cumprirem, mas que acabam no final recaindo sobre a União.

A partir de 1998 foram feitas muitas reformas, culminando com a maior em 2019, que, ainda, deixou intocáveis alguns benefícios, e as grandes mudanças que fez só surtirão maiores efeitos com o passar dos anos.

O resultado disso é que cada governo que entra culpa o anterior, e toma medidas para resolver os reflexos presentes da crise, que cada vez se avoluma mais, refletindo-se na dívida pública, que aumenta para financiar os déficits e conter a inflação também resultante desse processo.

A dívida bruta do setor público alcançou R$ R$ 7 trilhões em 2022, ou 80,3% do PIB, depois de 74,4% em 2019, 88,6% em 2020, com a pandemia, que gerou um déficit fiscal de mais de um trilhão de reais. Nos últimos 15 anos os juros foram, em média, 4,3% do PIB.

A PEC que está sendo discutida atualmente é retrato disso. E, se aprovada como pretendida, aumentará em mais 2,3% do PIB os gastos primários. E assim vai. Até quando só Deus sabe!

Para ler o texto completo, com tabelas e gráficos, clique aqui

Artigo de autoria do economista Darcy Francisco Carvalho dos Santos, especialista em finanças públicas e conselheiro do Corecon-RS, publicado no site financars.com.br  em 5 de dezembro de 2022. 

 

Impactos da Bolsa de Valores na vida das pessoas

Bolsa de Valores é uma instituição que permite a negociação de ações de empresas, além de outros títulos de dívida e derivativos. Em outras palavras, a Bolsa reúne empresas num local virtual onde os investidores encontram as “ações” que desejam adquirir. Isso ocorre na mais perfeita transparência e segurança para quem investe.

É importante que se compreenda que os impactos da Bolsa de Valores influenciam diretamente no desenvolvimento econômico do País e das pessoas. O dinheiro que circula nos investimentos resulta em recursos para que as empresas possam expandir as suas atividades empresariais, seja na aquisição de máquinas, equipamentos, novas construções, abrindo novas filiais, ou seja, contribuindo para a geração de empregos em diversos setores, no aumento da produção e, consequentemente, incentivando o desenvolvimento da economia.

A Bolsa tem sido uma das alternativas para a aplicação de recursos por parte das pessoas nas empresas. Pessoas comuns que dispõem de algumas reservas financeiras podem aplicar e gerar rendas extras para projetos de médio ou longo prazos ou uma forma de previdência privada. Esta instituição tem regras que exigem que as empresas com ações na instituição obedeçam a aspectos sociais, ambientais e de governança, o que atraem não só os investidores, mas a população em geral, atenta a este quesito de transparência no ambiente das organizações, que significa maior respeito ao ambiente e as pessoas. O certo é que, quanto mais desenvolvido o mercado financeiro e a Bolsa de Valores, maiores serão as possibilidades de empregos, salários e a qualidade de vida da população.

O mecanismo de funcionamento da Bolsa se baseia na lei da oferta e da procura. Quando um estrangeiro ingressa no Brasil ele troca seus dólares por reais. Isto faz com que a cotação da moeda estrangeira caia, pois haverá mais dólares disponíveis no mercado. Ele poderá comprar ações na Bolsa com os reais disponíveis, o que provocará a suba das ações. O contrário disso também é verdadeiro, o que explica as oscilações no valor do dólar ou das ações.

Em qualquer ambiente de negócios, a segurança política, jurídica e fiscal é determinante para quem investe. No caso da Bolsa, fatores recentes têm impactado no seu comportamento, como, por exemplo, declarações de lideranças com influência direta na economia do País. O que se viu nos últimos dias foi a reação negativa do mercado às declarações do atual presidente eleito, ao afirmar que o seu governo aumentará gastos públicos. O mercado reagiu imediatamente à declaração. O dólar valorizou, os juros futuros dispararam e o Ibovespa – principal indicador da Bolsa de Valores – caiu assustadoramente. O Ibovespa fechou o dia com uma queda de mais de 3,7%, na casa dos 109.350 pontos (cada ponto equivale a R$ 1, ou seja, se o índice estivesse em cem mil pontos, isso representaria um portfólio de R$ 100 mil de ações negociadas), patamar que não atingia desde 30 de setembro, antes do primeiro turno das eleições presidenciais.

Como os brasileiros têm se interessado cada vez mais por formas alternativas de fazer o dinheiro render, além da tradicional caderneta de poupança que costuma ter rendimento considerado mais baixo, é bom entender o que é a Bolsa de Valores e buscar informações sobre as ferramentas disponíveis no mercado que podem contribuir no processo de investir.

Não há dúvida que a economia influencia a vida de todos, seja você um investidor ou não. Todas as movimentações que ocorrem no contexto econômico têm suas consequências. Investimentos financeiros têm seus riscos, mesmo aqueles conservadores como poupança e títulos públicos, o importante é estar atento aos acontecimentos que envolvem a economia como um todo, ou acontecimentos pontuais provocados por pessoas influentes na política e na economia do País ou mesmo nas turbulências do mercado financeiro mundial.​

 

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 01/12/22.

O que nós podemos fazer para mudar o mundo?

Em 2000, as Nações Unidas, ao analisarem os maiores problemas mundiais, elegeram um conjunto de objetivos e metas que deveriam ser atingidas até 2015, que ficaram conhecidos com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Foram apresentados os 8 jeitos de mudar o mundo, a saber: Erradicar extrema pobreza e a fome; Atingir o ensino básico universal; Promover a igualdade de gêneros e a autonomia das mulheres; Reduzir a mortalidade infantil; Melhorar a saúde materna; Combater o HIV/AIDS, a Malária e outras doenças; Garantir a sustentabilidade ambiental;  Estabelecer uma parceria global para o desenvolvimento.

Infelizmente, mesmo com os investimentos realizados pelas Nações integrantes, os objetivos não foram alcançadas no prazo previsto. Além disso, com a Pandemia do Covid-19 as dificuldades aumentaram. Atualmente, os cenários apresentam problemas que ainda estão prejudicando bilhões de pessoas. Existem problemas que ampliaram os riscos para os 8 bilhões de habitantes da Terra. 

É lamentável identificar que a erradicação da extrema pobreza e a fome ainda estão pautadas nas Políticas Públicas de muitos países, assim como a garantia da sustentabilidade ambiental. As notícias na imprensa assustam e alertam sobre os aumentos dos desafios e as indispensáveis ações públicas e privadas para serem agilizadas.

Os avanços tecnológicos, as políticas públicas e o empreendedorismo são fundamentais na busca da melhoria contínua, incluindo fazer o bem sem a olhar a quem. O Brasil sempre esteve comprometido com a concretização dos Objetivos do milênio e, em parceria com as Nações Unidas, vem desenvolvendo estratégias para alcançá-los. É obvio que, com as grandes mudanças, a sociedade civil tem ampliado sua atuação para melhorar os indicadores. 

Cada um dos 8 jeitos de mudar o mundo apresentado precisa do comprometimento na busca de melhores dias para os habitantes do planeta azul. As Nações Unidas convidam e os resultados deverão ser alcançados com as participações e para o bem de todos.

Será que existem pessoas que não concordam com as propostas? Alguns dos políticos eleitos ou reeleitos poderão ignorar quaisquer das propostas Algum empreendedor ou empresário poderia ignorar os 8 jeitos de mudar mundo? Espero que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio sejam incluídos em todos os Programas dos Partidos Políticos nacionais e nas Políticas Públicas dos próximos Governos para que os indicadores sociais e econômicos sejam melhorados.

Será? Respeitam-se todas as opiniões contrárias. São reflexões. Podem ser úteis. Pensem nisso.


Artigo de autoria do economista Abdon Barretto Filho, mestre em Comunicação Social e presidente da ABF - Comunicação e Marketing, publicado no Site www.peloscaminhosdoriogrande.com.br

Futuro do Capitalismo

O sistema capitalista começou a ser praticado no século 8, como alternativa ao sistema feudal, que entrara em decadência em consequência da fome, das guerras e da peste negra que se alastrava na Europa Ocidental. Com o surgimento da Burguesia - classe social que detinha os meios de produção, as pessoas fugiam em massa dos feudos agrícolas, provocando o êxodo rural, concentrando-se nas cidades em busca de melhores condições para viver. O surgimento da moeda, o desenvolvimento das cidades medievais e da intensificação das atividades comerciais, foi essencial para que o sistema feudal entrasse em declínio. Surge aí o capitalismo, um sistema econômico no qual o principal objetivo se dá pela obtenção do lucro e da proteção privada. O acúmulo de capital, tanto pelos governos quanto pelos indivíduos, é representado na forma de bens e dinheiro.

O primeiro país a adotar o sistema capitalista foi a Inglaterra, em 1760, tendo como marco inicial a introdução da máquina a vapor na produção, o que deu início a transição de uma produção manufatureira para uma produção industrial. Daí em diante, em função do sucesso da produção em massa e da maior oferta de produtos para o consumo, o capitalismo se expandiu para quase todo o mundo, marcando a sua existência definitiva a partir do século 15. Na sua trajetória o capitalismo está dividido em três fases; o capitalismo comercial, o capitalismo industrial, o capitalismo financeiro e o capitalismo informacional. Atualmente está na sua terceira fase; o capitalismo financeiro, caracterizado pela especulação financeira em torno de ações de empresas, juros etc. Mesmo que se considere o capitalismo como um sistema econômico, é necessário se ter em mente que o modo de produção vai interferir diretamente em aspectos políticos, sociais e econômicos, ou seja, o sistema vai influenciar na organização de todos os aspectos de uma sociedade.

Não há dúvida de que grande parte da população mundial se beneficiou e ainda se beneficia dos resultados do capitalismo. Em apenas 200 anos, 85% da população mundial vivia em extrema pobreza - com menos um dólar por dia, hoje esse índice está em 16%. Apesar disso, o capitalismo, hoje, está em constante ataque por várias razões; os detentores do poder econômico buscam tão somente a maximização do lucro a qualquer preço, sem medir as consequências do sacrifício das pessoas ou das nações impossibilitadas de participar do sucesso de uma camada cada vez mais concentrada de beneficiários. Assim como já tivemos nos feudos três classes distintas; a Nobreza, a classe mais alta, proprietária de terras que determinavam as regras dentro dos feudos; o Clero, composto pelos membros da Igreja Católica, instituição poderosa que, além de evangelizar era grande proprietária de terras e os Servos, trabalhadores dos feudos que tinham tão somente o direito a salários, ou trabalhavam em troca de lugar para viver e se alimentar. No capitalismo segue-se no mesmo ritmo.

A voracidade pelo lucro em função da produção em massa e da necessidade de consumo dos oito bilhões de habitantes do planeta, já se discute até quando haverá matéria prima na natureza para sustentar o sistema, visto que a exploração constante e desenfreada tem deixado um saldo de devastação profunda no meio ambiente. Além disso, o fato mais importante atribuído ao sistema capitalista é a intensificação das desigualdades sociais. A busca incessante por lucros faz com que haja a exploração do trabalho humano por parte dos donos dos meios de produção. Isso ocorre com mais intensidade pela ausência de oportunidades de empregos. Como existe uma grande e crescente oferta de trabalhadores os salários consequentemente são baixos, além da modernização da produção que retira um número elevado de postos de trabalho. Quem sabe um novo sistema possa surgir em que as pessoas possam ser mais importantes do que elas realmente são, ou que os valores humanos estejam acima dos valores materiais.


Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (ACP), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 17/11/22.

 

Empregos gerados nas campanhas eleitorais

No período destinado às campanhas eleitorais dos vários candidatos à presidência da República, governadores, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas, geraram empregos para inúmeras pessoas, mesmo que temporários. Assim como a pandemia acabou com várias atividades de ambulantes e pequenos negócios, ocasionando situações de desespero para famílias que dependiam do pouco que ganhavam para sobreviverem, eis que surgem as campanhas eleitorais, abrindo espaços de trabalho para milhares de pessoas no país inteiro, mesmo que por um curto período de tempo.

Além da escolha dos representantes políticos, há que se considerar a festa da democracia protagonizada por eleitores e candidatos. Além do objetivo maior, a eleição deste ano teve caráter empregatício oportuno, isto porque foi necessário contar com muitas pessoas para levar as pautas políticas para a população no planejamento e execução da campanha. Não se tem ideia do número de colaboradores beneficiados, de alguma forma, com atividades contratadas pelos candidatos. Sabe-se que a campanha movimentou empresas gráficas e pequenos negócios de todo o país, sejam na confecção de impressos ou artesanatos direcionados à campanha, cabos eleitorais, pessoas encarregadas de obter votos para os candidatos ou partidos políticos, mesmo que este tipo de trabalho não tenha reconhecimento de vínculo empregatício.

Em muitos casos famílias inteiras circularam pelos calçadões ou mesmo nos bairros mais numerosos das cidades empunhando bandeiras ou distribuindo os conhecidos “santinhos” ou se aglomerando nas esquinas movimentadas dos centros urbanos, tremulando bandeiras. Não se tem registros do número de pessoas que trabalharam nesta campanha eleitoral, entretanto, pela intensa movimentação das pessoas e pelo expressivo número de candidatos, pode se afirmar que foram milhares em todo o país. Sabe-se que a maioria das pessoas atuou como tarefeiro ou diarista e outros tantos contratados com registro nas carteiras.

Assim como há um limite para gastos nas campanhas, o Tribunal Superior Eleitoral limita o número de pessoas que podem ser contratadas para uma campanha. Esse número varia de acordo com o tamanho do eleitorado do Estado e a partir do cargo escolhido. Para deputado estadual, são previstos gastos de até R$ 1,2 milhão e 3.355 funcionários contratados. O cargo de deputado federal já prevê um gasto máximo maior, de R$ 3,1 milhões e 6.709 pessoas contratadas.

As redes sociais também movimentaram sobremaneira as campanhas eleitorais. A tarefa dos cabos eleitorais tem evoluído nos últimos tempos, pois competem com as novas formas de campanha online. Nos últimos pleitos, em 2018 e 2022, as redes sociais tiveram um papel de destaque, mudando a forma de comunicação do candidato com o seu eleitor. Neste último não foi diferente. Incorporou novos profissionais na campanha, sejam operadores de sistemas, especialistas na criação de cards e outras formas de comunicação virtual, profissionais de marketing político e eleitoral, enfim uma gama de pessoas ávidas por trabalho.

A tendência é que nas próximas campanhas políticas a presença desses profissionais se intensifique, mas engana-se, porém, quem pensa que é só realizar o incremento da campanha que a mágica da vitória acontece. O conteúdo impulsionado precisa ser bom e convincente para convencer o eleitor. O candidato que não tiver conteúdo ou uma boa presença de vídeo ou boas ideias ou ainda não esteja engajado de corpo e alma na campanha, certamente não obterá êxito. Quando o produto é ruim não tem comunicação que faça milagre. Um exemplo de sucesso, próximo dos pelotenses é a conduta de Eduardo Leite (PSDB). Ele demonstra preparo político tem boa presença de vídeo, ótimo argumento o que o faz dele um político vencedor desde o seu primeiro mandato como vereador em Pelotas.​

 

Artigo de autoria do conselheiro do Corecon-RS e diretor da Associação Comercial de Pelotas (AC), economista João Carlos Medeiros Madail, publicado no Diário Popular de Pelotas, edição do dia 10/11/22.

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